— Pode ir. — José levantou a mão, segurando a testa.
O advogado hesitou. Depois de um longo silêncio, finalmente decidiu falar: — Sr. José, já suportou isso por mais de dez anos. Alguns dias a mais não farão diferença.
José não disse nada.
Foram mais de dez anos.
Desde que era apenas uma criança, algumas sementes já haviam começado a criar raízes em silêncio.
— José, se lembra: eu nunca tiraria a própria vida, nunca.
— José... enquanto eu tiver você, nunca faria algo para machucar a mim mesma. Guarde isso: se algum dia algo acontecer comigo, com certeza não será suicídio...
Ele nunca conseguiu apagar essa memória. Naquele ano, ele tinha apenas oito anos, e Ricardo, embriagado, provocou uma cena de violência doméstica que deixou a casa em completo caos.
Naquela noite tempestuosa, com chuva e vento fortes, José ficou parado atrás da porta, observando Ricardo golpear repetidamente sua mãe com um taco de golfe.
Ele estava trancado do lado de dentro. Não importava o quanto gritasse ou chora