𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞.
Letícia como em todos os seus dias chegou cedo ao trabalho, a mesma estacionou seu carro na parte privativa dos professores e desceu do mesmo, Letícia estava tão concentrada pensando nas atividades que ela daria naquela semana que nem percebeu a aproximação de duas pessoas, ela parou quando viu dois sapatos, um era pequeno e o outro grande.
Ela olhou para cima e viu Matheus e seu pai olhando para ela, o pequeno garotinho tinha um pequeno buquê de girassois em suas mãos e ele sorria tímido.
— Bom dia — Augusto falou com a sua voz rouca e parecia bem mais intimidadora naquele silêncio da manhã.
— Bom dia — Letícia respondeu séria. — Oi Matheus,como você está?
O pequeno não falou nada,apenas estendeu o pequeno buquê de flores para ela.
— É pra mim? — O menino assentiu tímido. — Muito obrigado querido. — Letícia falou e beijou a bochecha dele. — Eu amo girassol.
— Eu queria me desculpar por ontem. — Augusto falou sem esperar, e Letícia assentiu.
— Não tem problema, senhor Augusto, mas espero que tenha se desculpado com o Matheus.
Letícia viu um lampejo de raiva passar pelos olhos do homem, mas ele se conteve nas palavras.
— Sim, eu já me expliquei para o Matheus,a razão do meu atraso. — Ele solta um suspiro. — E caso eu esteja ocupado eu mandarei o meu mordomo vir buscar ele, o nome dele é Xavier.
Quando o homem falou aquilo, Letícia queria rir ao escutar que aquele homem tinha um mordomo, e aquilo com certeza era ser grã- fino, e que tipo de gente rica ele era para ter um mordomo? Ele não sabia fazer nada sozinho?
— Tudo bem senhor, como o senhor quiser. — Letícia deu um sorriso.
Augusto olha para o filho e depois para Letícia e dá um leve beijo na cabeça do filho e então saiu, e para Letícia aquele homem era um poço tremendo de antipatia e frieza, ele andava todo reto parecendo que tinha algum ferro nas suas costas, e ela pensou se ele não relaxava nunca?
Letícia pegou na mão do garotinho e juntos eles entraram na escola, a mesma pediu para ele ajudar ela na arrumação da sala de aula, e logo o menino se tornou um pouco mais falante. Durante aquele dia ela pode ver que ele interagiu com as outras crianças, e ela viu que ele só precisava se enturmar, e que em breve ele estaria bem mais enturmado com as outras crianças, e seria uma criança feliz também.
Tudo o que ele precisava era de um pouco de amor e paciência, assim como aquelas flores que recebeu, elas precisavam de água e sol, e ela sabia que aquela criança iria florescer em pouco tempo.
[...]
Com o passar dos dias Letícia estava bem mais ligada ao pequeno Matheus, ele havia melhorado bastante, ele estava mais sorridente, mas ele não interagia muito com as outras crianças, por muitas vezes ele ficava com a Letícia na hora do recreio ou na sala pintando algum desenho, ou até mesmo ajudando Letícia com as tarefas da turma.
Letícia também havia percebido que o garotinho tinha bastante dificuldade nas matérias, e por isso naquele dia e após um mês da chegada dele na escola, Letícia decidiu propor ao pai aulas de reforço para o garotinho.
Todos os alunos já haviam ido embora e como sempre Matheus ficava por último, Augusto sempre se atrasa para buscar o menino na escola, e Letícia nem fica mais irritada com aquilo.
— Boa tarde. — Ela escuta uma voz profunda na porta da sala, o homem alto e com a expressão fechada estava em pé olhando pra ela.
— Boa tarde senhor Augusto. — falou olhando para o homem. — Eu tenho que conversar com o senhor.
O homem entra na pequena sala e vai até ela, e ele parecia grande demais para aquela pequena sala onde tudo era adaptado para crianças, e o pai do garotinho era tão alto e forte que não combinava com a delicadeza do lugar.
Letícia sempre ficava admirada com a forma elegante dele andar, ele parecia um felino, e aquele homem tão grande se exibia.
— O que o Matheus fez? — perguntou cético.
Letícia o encarava confusa com aquela pergunta.
— Como? — Ela balbucia sem entender.
— Se você quer conversar comigo é porque ele fez algo de errado, não se preocupe, ele vai ser devidamente disciplinado. — o homem falou sério.
Letícia sentiu o seu rosto ficando quente de raiva.
— Não, senhor Augusto, é muito pelo contrário, o Matheus é um ótimo aluno, é bastante prestativo e amável. — Bem ao contrário do senhor, ela pensa. — Eu percebi que ele tem dificuldades na leitura, foi por isso que pedi essa reunião, o Matheus precisa de aulas de reforço, e eu acredito que isso se deva a demora dele frequentar a escola.
O homem ficou sem esboçar nenhuma expressão.
— E você seria a professora? — Ele perguntou analisando ela, e embora o olhar fosse como uma máquina de raio X que parecia deixá-la exposta, Letícia não se mostrou frágil em momento nenhum e levantou o seu queixo.
— Se o senhor não tiver ninguém em vista eu posso ser a professora dele, eu e ele nos damos bem, e já estamos bem entrosados e isso facilitaria bem mais o aprendizado dele.
Augusto a observava mais um pouco.
— Tudo bem. — Ele falou simples.
Letícia então foi explicando como iria ser as aulas, e que ao final do dia ela e o garotinho iriam para a casa dela e passariam as duas horas no reforço, Augusto ouvia tudo em silêncio, apenas observando a professora sem nem mesmo piscar.
— Nós podemos começar amanhã? — Letícia perguntou.
E o homem para economizar as palavras apenas assentiu com a cabeça.
— Matheus querido, amanhã nós vamos começar as aulas de reforço, e você irá para a minha casa por algumas horas, tudo bem?
O garotinho deu um abraço na professora e logo em seguida saiu de mãos dadas com o pai, Letícia suspirou vendo os dois se afastarem. Matheus já tinha evoluído bastante, mas para Letícia aquelas aulas e com a convivência com ela, ajudariam a melhorar o ânimo do garotinho que parecia sempre estar bem apático, e em alguns momentos o menino demonstrava falta de ânimo e isso era bem estranho para a idade dele.
Mas Letícia preferiu observar mais de perto os hábitos dele, que já havia conquistado o seu coração.
[...]
𝓐𝓾𝓰𝓾𝓼𝓽𝓸 𝓒𝓪𝓶𝓹𝓸𝓼
— David, eles não podem ter se escondido assim. — Augusto falou para o seu amigo e advogado que ajudava ele nas buscas pela mãe do Matheus.
Lilian havia sumido com o amante e não deu mais notícias, Augusto queria a encontrar e puni-la, e obrigar a mesma a cuidar do seu filho que estava sofrendo com a sua partida.
— Augusto nós já procuramos os dois por todo o país, e o Ricardo e a Lily simplesmente sumiram.
— Bastardos. — Augusto vocifera dando um soco na mesa. — Eu quero que encontre eles e os traga aqui.
— Nós estamos procurando, Augusto. — David falou cansado, e então saiu apressado da sala, e no mesmo instante Laura e Alice sua ex cunhada entraram em seu escritório.
Augusto soltou um suspiro pois não estava com paciência para conversar com a mãe e muito menos com a sua cunhada, ele precisava encontrar a sua ex-esposa e o seu irmão e assim dar uma lição nos dois.
— Filho, por que você está procurando pelos dois? — Laura perguntou preocupada.
— Mamãe esse assunto não é um problema seu. — Augusto respondeu rápido.
— Augusto Campos, pense bem, Ricardo é seu irmão, e você não faria mal ao seu irmão, né?
Augusto apenas deu um risada sarcástica cheia de mágoa.
— Isso é muito engraçado mamãe, pois o Ricardo não pensou que era meu irmão quando começou a se encontrar com a minha própria esposa e a mãe do meu filho. — falou debochado.
— Augusto querido.....
— Não adianta mãe, eu sei que você ama o seu filho, mas eu não posso falar o mesmo, ele me traiu com a Lily e ele nem se quer pensou no Matheus.
Ele não amava Lily, mas ele tinha o seu orgulho e não era fácil carregar o peso de ser traído, ainda mais sendo do seu próprio irmão. E além disso ele via Matheus triste, desanimado, ele não era mais aquela criança feliz que era antes, Augusto só via os lampejos de alegria do antigo Matheus quando ele estava com a professora.
Aquela professora era uma criatura interessante, ela era amável e bastante sorridente com o seu filho, mas era dura e direta com ele, Augusto deu um sorriso de lado pensando no quanto ele não tinha nenhum pouco de jeito com as mulheres.
— Querido Matheus irá ficar bem, e você tem que superar isso Augusto, pelo seu filho, a Lily e o Ricardo foram embora a quase um ano, então está na hora de você virar a página, você precisa superar isso, encontrar uma mulher boa pra você.....
Augusto olhou para a mãe e se lembrou dos momentos em que ela sempre defendeu o irmão, mesmo quando ele estava errado, e talvez fosse por isso que ele havia virado um homem mimado e sem nenhum sentimento bom.
— Tudo bem, mãe, se vocês não se importam eu preciso revisar alguns contratos da empresa. — falou
Logo as duas mulheres saíram do escritório e Augusto se viu sozinho novamente, o mesmo encostou a cabeça na cadeira e fechou os olhos cansado, na verdade ele estava exausto, mas ele tinha que continuar pois o seu filho precisava que ele fosse forte.
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Na manhã seguinte após o término das aulas Letícia e Matheus partiram para a casa da jovem professora, e assim como o combinado o menino parecia bastante maravilhado com tudo à sua volta, ainda mais quando entrou na casa da professora. — Tia a sua casa é bem bonita — Matheus falou impressionado. Letícia deu um sorriso com o comentário do garotinho. — Obrigada meu amor, venha vamos até a cozinha, você está com fome? O pequeno balançou a cabeça negando, mas Letícia decidiu que iria preparar alguns biscoitos para os dois, Matheus se sentou na mesa, enquanto Letícia preparava os biscoitos, era uma receita da sua mãe, e ela pode ver que o menino estava pensativo. — A minha mãe não sabia cozinhar. — Ele falou naturalmente, era como se ele falasse sobre o clima do lado de fora. E Letícia sentiu o seu coração se apertar ao ouvir ele falando da mãe, e por que ele dizia aquilo naturalmente e com a voz bem triste e era de partir o coração de qualquer um. — Ontem
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Na manhã seguinte após Letícia dar as aulas ela seguiu até a casa de Matheus, e daquela vez ela não havia sido barrada na entrada. A mesma estacionou o seu carro no pátio e desceu do veículo, e antes que ela pudesse bater na porta a mesma se abriu e o homem que parecia o mordomo apareceu. — Boa tarde. — Boa tarde. — Ela sorriu. — O meu nome é Letícia, sou a professora do Matheus. O homem acenou com a cabeça e permitiu que ela entrasse na casa, que para ela aquilo não era uma simples casa e sim uma mansão enorme, Letícia nunca tinha entrado em uma casa tão grande e rica. — O pequeno está no quarto. — O homem falou, e ele parecia um robô. — Ele está bem? — Letícia perguntou preocupada, enquanto ela e o mordomo subiam as escadas. — Ele passou a noite com febre, mas agora ele está melhor. Letícia sentiu seu coração se encolher no peito ao ouvir aquilo, quando chegaram no quarto do pequeno a jovem professora já foi falar com o seu aluno. — Boa t
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Letícia cordou com o seu celular tocando,tateou a mesa da cabeceira e pegou seu celular e atendeu sem nem mesmo olhar para ver quem era. — Alô? — Alô. — a mesma despertou assim que escutou a voz rouca e profunda de Augusto, pai do seu pequeno aluno. E o homem parecia estar bem aflito e apressado com alguma coisa. — Aconteceu alguma coisa com o Matheus? — perguntou desesperada. — Nós estamos no hospital, o Matheus passou mal durante a madrugada. — Eu estou indo até aí. — falou se levantando rápido da cama. Letícia desligou o celular e se levantou correndo, tomou um banho rápido e se vestiu. Em seguida foi para o hospital que Augusto havia mandado por mensagem, estacionou o carro em uma das vagas ali e seguiu para dentro do hospital. Foi até a recepção para buscar informações, e a mulher indica o quarto em que o garotinho estava, e em poucos minutos ela entrou no cômodo em que o pai e filho estavam. — Tia. — O garotinho falou, mas ele
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Letícia entrou na sala que ela usava para dar aulas para crianças de até seis anos, ou como ela gostaria de chamar ele de seus pequenos. As paredes da sala estavam cheias de desenhos dos seus alunos, tinha cadeiras e mesas espalhadas pela sala, tinha uma estante com livros e brinquedos também o que fazia a jovem professora sorrir. A moça tinha se formado há pouco tempo, e assim conseguiu um emprego naquela escola de classe alta, após uma seleção bem rigorosa, mas apesar da pouca idade Letícia era muito competente. A mesma colocou a sua bolsa sobre a mesa e então começou a arrumar a sala, ela limpou a lousa, arrumou os livros, e ligou o aparelho de dvd onde colocava filmes infantis até dar o horário de início das aulas. Ela se ajeitou quando ouviu baterem na porta, ela olhou pelo local e viu um homem alto, com os cabelos negros, tinha a barba por fazer e com a expressão séria, o mesmo trajava um terno preto exalando poder, e logo atrás dele tinha um garot
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Segui para casa ainda pensando no que havia acontecido, gostava muito das crianças e por isso optei pela área da educação infantil, eu acreditava que sendo professora poderia fazer a diferença na vida das crianças. Após alguns minutos estacionei o carro na frente da minha casa, era uma casa simples em um bairro subúrbio daquela cidade, mas era um bairro calmo e bastante familiar, pois sempre via as crianças brincando na rua e até mesmo passeando com seus cachorros. Desço do meu carro e logo fui cumprimentada por Rebecca, que foi a minha mãe de leite, e ela era a única mãe que tive, já que não conheci minha mãe biológica, pois a mesma acabou falecendo no parto. — Boa tarde, minha filha, você chegou tarde hoje. — ela falou me olhando. — Boa tarde mãe. — beijo sua cabeça em sinal de respeito. — Eu tive que deixar um aluno em casa, o pai esqueceu de buscar ele — Meu deus, mas que tipo de pai é esse? Letícia deu de ombros e juntas entraram na casa, Letícia