— O que foi? Vai me encarar assim até o casamento?
A voz dele veio preguiçosa, mas carregada de deboche. Eu estava sentada na beira da cama, enrolada no lençol, tentando encontrar coragem pra levantar — e talvez também tentando entender como alguém podia ser tão irritante e tão bonito ao mesmo tempo.
— Tô pensando se ainda dá tempo de fugir — rebati, sem olhar pra ele.
— Fugir pra onde? Eu sei onde sua família mora. Sei onde você trabalha. E, principalmente, sei onde você gosta de ser beijada.
Joguei uma almofada nele.
Ele desviou com facilidade, rindo, e se espreguiçou como se não tivesse acabado de bagunçar toda a minha sanidade na noite anterior. O lençol escorregou do corpo dele, revelando mais pele do que eu precisava ver naquele momento — ou talvez exatamente o que eu queria ver.
— Você tem cinco minutos pra parar de ser insuportável antes que eu me arrependa de ontem.
— Tarde demais, amor. Já quebrou sua promessa. Já caiu no meu charme. Já me deu razão pro resto d