Derick
Odiar-se a si mesmo é um caminho sem volta. Eu sei disso. Mas saber não significa que eu consiga evitar. Estou aqui preso nessa casa, minha própria mãe me tratando como se eu ainda fosse um garotinho incapaz de tomar banho sozinho. E o pior de tudo? Eu deixo. Porque, de alguma forma, a maneira como ela cuida de mim me acalma.
Ela aparece no quarto, com aquela expressão serena e um carinho infinito no olhar.
— Vamos, Derick, hora do banho.
Tento argumentar que consigo me virar, mas não adianta. Em poucos minutos, ela já está me ajudando a tirar a camisa, isolando o curativo na perna e me guiando até o banheiro como se eu ainda fosse o mesmo menino que caiu de bicicleta e esfolou o joelho. Mas dessa vez, os ferimentos são muito mais profundos.
A água quente escorre pelo meu corpo, e minha mãe ensaboa as minhas costas com movimentos lentos e cuidadosos. Quando viro de frente, ela refaz o processo, sem pressa, como se cada toque fosse uma promessa de que tudo vai ficar bem.
— Deric