Angel Santiago
Penso como esse casamento com NIna será útil, principalmente por me facilitar um acordo sólido com David Lambertini. Mas o silêncio da manhã é traiçoeiro.
Não é um silêncio qualquer, é denso, carregado de promessas e perigos, o tipo de silêncio que um homem como eu, Angel Santiago, aprendeu a respeitar. Meus olhos se abrem devagar, e a primeira coisa que sinto não é o peso do meu nome ou o fardo de ser um Don. É ela.
Nina.
Sua cabeça repousa no meu peito, os fios dourados espalhados sobre minha pele marcada pela vida. Seu corpo está parcialmente coberto pelo lençol amassado, uma lembrança muda da noite ardente que compartilhamos. Eu a fiz minha mais vezes do que consigo contar, como se cada toque fosse uma tentativa desesperada de imprimi-la em mim, de garantir que mesmo quando eu voltasse para o Uruguai, seu cheiro, seu gosto, ainda estariam comigo.
E agora, a vejo aqui, adormecida, serena. Tão minha e, ao mesmo tempo, livre.
Deslizo a ponta dos dedos pelo contorno de