Rosa
Eu não tenho muitas lembranças dele, e isso talvez seja o que mais dói. Tadeu me deu amor, lealdade e companheirismo quando ninguém mais podia. Seguro um desenho antigo feito por mim em uma das muitas noites em que ele vinha me visitar no bordel.Ele não gostava do lugar e dizia que eu merecia mais, mas eu não demonstrava afeição ou esperava algo dele. Afinal, Tadeu era um marinheiro, um homem livre, sem desejo de se prender a ninguém, muito menos a mim, uma prostituta suja.Com o tempo, suas visitas se tornaram frequentes. Pagava a mais para que nos deitássemos na praia, dizendo que ali estávamos perto da natureza e longe da maldade humana. Achava bonito e poético, mas sempre mantinha os pés no chão.Eu, no entanto, sabia que podia ser fingimento para não pagar. Nunca fui uma boba apaixonada por palavras bonitas. Os homens me ensinaram que a maioria não é confiável.Fui a primeira a notar a ferida. Ele não tinha percebido, nem senti