O odor hospitalar impregnava o ambiente de forma asfixiante. Despertei com uma cefaleia pulsátil, cada fibra do corpo protestando como se tivesse sido desmontada e remontada às pressas.
Do corredor, a discussão ganhava contornos dramáticos, as vozes ecoavam em meus ouvidos com intensidade crescente.
— Não é por acaso que a Ângela mantém distância desde o retorno! Deve ter achado que a abandonamos!
— Luiz, como pude gerar um filho de tal índole? Que direi aos parentes de Ângela?
— Pai, mãe, jamais imaginei tal desfecho. Só queria que ela se conduzisse com decência.
Estalo!
O impacto da palmada reverberou no ambiente, seguido por gemidos contidos de Luiz.
Supus fosse Felipe o autor do gesto, até ouvir o suspiro estupefato de Marta.
— Edson! — Murmurei.
Tentei me erguer, mas colapsei no solo. Só então percebi que me machuquei as pernas. O quarto na mansão da família Garcia se localizava apenas no segundo piso, altura insuficiente para um desfecho letal.
Ao ruído, Edson irrompeu no quarto.