Fiquei sentada na cama do quarto de hóspedes até as três da madrugada. Do quarto de Luiz, ali do lado, não vinha um pio.
Nesse tempo todo, peguei o celular novo que a Marta me deu e entrei num app de aluguel. Foi assim que achei um apartamento seguro, disponível para alugar.
Quando o dia começou a clarear, a mansão da família Garcia parecia um cemitério. Peguei os tênis e saí descalça para o jardim. Mal pus o pé lá fora, avistei uma figura encostada no carro do Luiz, vidrada no celular. Meu coração quase saiu pela boca. Será que era ele?
No entanto, quando o cara levantou a cabeça, vi que era o Edson.
Fingi que não tinha visto nada e segui para calçada, tentando acenar para um táxi. Ele veio atrás.
— Srta. Ângela? — Chamou com voz hesitante. — O Sr. Luiz sabe que você...
— Pode não contar para o Luiz? — Minha voz saiu engasgada. Eu estava tão perto de escapar, faltava um triz, e agora esse obstáculo.
Edson fez cara de quem não entendeu e disse:
— Mas ele vai ficar na mó preocupação.