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Capítulo 7 – "A partir de hoje, não existe mais Lianna Cross, sua esposa."

POV Lianna Aslan

— Eu estou grávida, Zayden. — sussurrei. — Grávida de gêmeos.

O silêncio que veio depois foi o pior tipo de tortura.

Por um instante, ele só me olhou, o maxilar travado, o olhar duro como pedra. Pensei que ele fosse me abraçar, ou pelo menos perguntar se eu estava bem. Mas não.

Ele riu. Baixo no começo, depois mais alto, sarcástico, ferino.

— Gêmeos. — repetiu, com uma ironia que doeu mais do que qualquer soco. — Que conveniente, Lianna. Dois filhos de uma vez só. Acha mesmo que vou cair nessa?

— O quê? — minha voz quebrou. — Zayden, eu… eu acabei de sair do hospital. Eu desmaiei, e o médico…

— Ah, por favor! — ele cortou, levantando as mãos, rindo com desdém. — Agora você desmaia também? Que atuação, Lianna. Deve ter aprendido com suas novelas preferidas.

— Eu não estou mentindo! — as lágrimas começaram a escorrer. — Eu… eu posso te mostrar os exames, eu…

Ele se aproximou, o olhar fervendo de raiva e desprezo.

— Você acha que eu sou idiota? Que vou engolir essa história pra me prender? — ele cuspiu as palavras, cada sílaba carregada de veneno. 

— Eu não… — tentei dizer, mas a voz se apagou.

— CALA A PORRA DA BOCA!!! — rugiu.

O som explodiu no ar como um trovão.

E, num segundo, o tapa veio.

Seco. Estalado.

Meu rosto virou para o lado com a força. O gosto metálico do sangue se espalhou na boca. Fiquei parada, atônita, o mundo girando em volta.

Ele passou a mão pelos cabelos, respirando fundo, como se fosse ele o ferido.

— Você me cansa, Lianna. Sempre o mesmo drama. Sempre a vítima perfeita.

Quando voltei a encará-lo, ele já estava me olhando com aquele olhar vazio, o olhar de quem não reconhece a pessoa à frente.

— Você é uma vergonha. — disse, com a voz fria. — Uma maldição que eu trouxe pra dentro da minha casa.

— Por quê...? — minha voz mal saiu. — Por que me faz isso?

Ele bufou, passou a mão no cabelo e, antes que eu pudesse reagir, veio o empurrão. Fui contra a quina do sofá, o ar escapando dos meus pulmões. O chão girou. A dor rasgou minha barriga por dentro, e o pânico tomou conta.

— Zayden, para... — supliquei. — Por favor... eu tô grávida...

Mas ele não ouviu. A fúria cegava. Um chute atingiu meu abdômen de raspão, me jogando contra o chão frio. O impacto me fez gritar, o som ecoando pela sala vazia. Demorou pra entender que aquele som, aquele grito, era meu.

Ele ficou parado, respirando pesado. O olhar dele, agora, era vazio.

— Some daqui. — disse, baixo, rouco. — Some antes que eu perca o resto do controle.

Fiquei ali, caída, com o gosto de sangue e ferro na boca. Senti a mão tremer ao tocar o ventre. Havia dor. Com esforço, me ergui, apoiando na parede. O corpo doía inteiro, mas a mente estava estranhamente lúcida. A ficha caiu: eu nunca mais estaria segura com ele.

Subi as escadas tropeçando, uma mão no corrimão, a outra no ventre. Cada degrau parecia um quilômetro. Quando cheguei ao quarto, tranquei a porta e desabei no chão.

O choro veio sem som, só o corpo tremendo, o coração gritando dentro do peito. Demorou alguns minutos até eu conseguir pegar o telefone.

Disquei o número do meu pai. Demorei pra ouvir a voz do outro lado.

— Pai... — murmurei, engasgada. — Por favor, eu preciso de ajuda.

Houve uma pausa longa. E então, a voz dele, fria, distante.

— Lianna? O que foi agora?

— É o Zayden. Ele... ele me machucou. — a voz falhou. — Eu tô grávida. Pai, eu... preciso sair daqui.

Do outro lado, ouvi um suspiro irritado. E uma voz feminina ao fundo. A voz dela. Minha madrasta.

— Amor, não se envolva. Camille disse que ela está instável, sempre inventando dramas.

Meu pai suspirou de novo.

— Lianna, você precisa parar de criar confusão. Camille me contou sobre o que aconteceu na festa. Disse que você bebeu demais, que fez uma cena.

— Eu não bebi! — gritei, desesperada. — Ela está mentindo! Pai, por favor...

— Chega, Lianna. — A voz dele ficou cortante. — Eu não vou me meter no seu casamento. Zayden é um homem respeitável.

Fez uma pausa. — E, sinceramente, Camille tem sido um exemplo de equilíbrio. Você devia aprender com ela.

Foi como se ele tivesse arrancado o chão debaixo de mim. A ligação caiu ou ele desligou, eu nem soube. Fiquei ali, segurando o telefone, o choro sufocando, até que percebi: não havia ninguém.

Nem marido. Nem pai. Nem lar.

Só eu e dois corações pequenos batendo dentro do meu.

Demorou um tempo até conseguir me levantar. Fui até o espelho. A mulher que me olhava não era mais Lianna Cross. Era alguém partida, mas viva. Alguém que, pela primeira vez, entendeu o que significava sobreviver.

Peguei uma mala. Coloquei algumas roupas, documentos, o pouco de dinheiro que escondia.

Na penteadeira, havia uma foto nossa, do casamento. Eu de branco, ele sorrindo. Peguei o porta-retratos e o joguei contra a parede. O vidro se partiu, como tudo o que restava entre nós.

Dobrei o papel e deixei sobre a mesa do escritório, o acordo de divórcio, já assinado.

Sem mencionar a gravidez. Já que ele não acreditou. Esse seria o meu segredo. O meu escudo.

Quando desci as escadas, o silêncio era total. Zayden dormia no sofá, o copo caído no chão, o monstro adormecido entre cacos e garrafas.

Abri a porta principal. O vento da madrugada me recebeu com o mesmo frio da primeira vez que entrei naquela casa. Mas agora era diferente. Agora, eu estava saindo por vontade própria.

Apertei a mão sobre o ventre. Senti o calor, o pulsar da vida.

— Eu vou proteger vocês. — sussurrei. — Nem que eu precise desaparecer para sempre.

E saí. Sem olhar pra trás. Porque, às vezes, pra sobreviver... é preciso morrer primeiro.

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