Anos antes...
Com o telefone em minhas mãos, ainda não consigo acreditar que Celina está prestes a partir. Uma enorme angústia me toma por completo, mas eu não consigo chorar, porque além disso, também existe raiva dentro de mim.— Querida, vá se despedir. Eles precisam de você agora Maia. Diz meu pai, após bater na porta do meu quarto e entrar.Papai que já estava ciente da situação, sabia que seria algo difícil para mim. Desde que Celina deu à luz, a depressão pós-parto tomou conta dela cada vez mais. Nem mesmo os médicos conseguiram a reanima-la, e já sabiam que sua morte estava por vir, já que não comia, não bebia, e estava desnutrida.— Eu não quero vê-la daquela maneira, esquelética e tão pálida! Eu não quero ter que me despedir do que ela se transformou, papai! Quero somente lembrar de como ela era. — Falei exaltada, em meio as lágrimas que enfim venceram meu orgulho.Naquele momento, papai me abraçou e eu solucei como criança porque naquele instante pude ver na minha tela do celular, por cima de seus ombros, a mensagem de Marcos: Celina já havia falecido.