Capítulo 3

Deixa-me sair.

Não.

Não.

Não. Grito na minha própria mente. E dessa vez seus rosnados pararam, e ela ficou quieta. E o alívio é tão grande, que posso chorar.

Abro meus olhos e encontro meu irmão ao meu lado, segurando minha mão. Ele está preocupado, posso ver em seu rosto. Mas não posso falar nada, ainda não.

– Você ficou desacordada por quase uma hora. – meu irmão revelou, segurando minha mão.

– Muito bem. Sua pressão está baixa – falou a enfermeira.

– Eu já me sinto melhor – eu comento levantado e o movimento foi tão rápido que fico tonta, e volto a deitar.

– Será necessário fazer alguns exames... – ela para de falar quando o Gael entra na sala. E eu solto um suspiro apaixonado.

– Como você está? – ele pergunta me analisando. E eu me sento e meu irmão se afasta um pouco.

– Estou bem. Só acho que comi algo que me fez mal. – falo sem sentir tontura quando fico de pé.

– Sobre isso. Tenho minhas suspeitas – falou a enfermeira me olhando com pena. E eu realmente quero dá na cara dela.

– Que seria? – perguntei cruzando os braços sobre meu peito.

– Sua menstruação está atrasada? – ela pergunta se aproximando da sua mesa, e abre uma gaveta.

– Sim. Mas ela sempre foi irregular – respondi, sem me preocupar com Gael e meu irmão. É algo que acontece com a mulher, paciência se não estão confortáveis com esse assunto.

– Ok. Com as náuseas, vômitos e desmaios, somando com o atraso acredito, que possa está grávida – ela fala, enquanto estende um teste que tirou da gaveta na minha direção, mas eu não pego.

– Como? – sussurrei.

– Você pode está grávida. Isso acontece quando jovens, não se protegem – ela fala. – Você pode fazer o teste no banheiro, e se de fato der positivo, indico que comece o pré-natal com sua médica.

– Espera. Eu não estou grávida! Isso é impossível! – eu falo saindo da confusão que tinha nublado a minha mente com sua revelação.

– É bem possível! Você está com os sintomas…

– Gravidez não é doença! Eu não estou grávida. Virgens não ficam grávidas! – eu falo antes que me irrite com ela. Mas já estou irritada.

– Bom…

– Bom nada. – eu digo contando em minha mente, e resolvi sair antes que pule na garganta dessa mulher.

Viro-me e meus olhos se encontram com o de Gael e um sorriso divertido brincar nos seus lábios, e ser a causa do seu sorriso me faz querer ser louca mais vezes. Talvez eu seja.

– Você está mesmo bem, Aurora? – pergunta, olhando para meu rosto. E eu amo como meu nome fica bem em seus lábios. Quero que ele diga mais vezes.

– Sim. Nada pode me derrubar. – falei, e de fato isso é verdade. Estou lutando há muito tempo, e sei que sou forte. E posso suportar muita coisa, mas não queria suportar. É tão difícil.

– Como sempre foi. – ele diz, e eu concordo e olho para meu irmão que está me olhando com curiosidade como a enfermeira. E sem querer chamar atenção para isso, resolvi acabar com essa conversa, será melhor assim.

– Será melhor voltar para aula. Eric, você vem? – perguntei para o meu irmão, que concordou e saímos dali direto para a saída. Nunca conseguiria prestar atenção na aula, sabendo que ele está aqui.

– Todos estão em casa – Eric diz e olha para meu carro, e depois aponta para sua moto. – Não acho que você consiga dirigir.

– Consigo sim. Faço isso há muito tempo – rosno, passando por ele, e pego a chave reserva que levo no bolso. Não quero voltar para pegar minha bolsa. Antes de entrar no carro, olho para o prédio, e vejo Gael na janela. Parece que ele conhece agora a minha fama de fujona, e sorriu enquanto pisco o olho na sua direção antes de entrar no carro e dirigir para longe dali.

Sei que tenho que contar toda a verdade e isso é doloroso, mas já passou da hora de revelar tudo, não preciso mais lutar sozinha.

Não demora muito para estar em casa, mal sai do carro, e todos estão fora de casa. Até Ella e Ariel estão aqui. E eu engulo em seco.

Sai do carro, e me joguei para os braços da minha mãe. E eu deixo as lágrimas que segurei por tanto tempo sair. Se libertar, tirei esse peso das minhas costas por um tempo, para eu conseguir respirar, nem que seja por alguns segundos.

– Vai tudo bem, filha. – papai falou me tirando dos braços da mamãe, e seu abraço é apertado.

– Talvez não. – sussurro. Sem mais delongas. Logo estou sentada na sala com todos esperando que eu comece a contar tudo.

– Desembucha Filha. – mamãe fala, com um olhar sério. E não tem como enrolar, mesmo que eu quisesse.

– Encontrei meu companheiro – sussurro, levando minha mão até o meu coração.

– Oh, meu amor. Parabéns! – mamãe fala feliz por mim. Todos na família sabiam o quanto eu desejava.

– Diga – meu irmão rosna. E eu seguro um rosnado. Eu sei que ele só está preocupado.

– Isso foi há dois anos. – revelei, e o silêncio cai na sala. Mas não dura muito quando todos falam ao mesmo tempo, um por cima do outro.

– Que diabos?

– Aurora! Sua louca

– Deus!

– Filha!

– Aurora!

– Para! – eu peço ao me levantar e olhos para os rostos da minha família, eles estão assustados, com medo, tristes. E isso é tão doloroso. Não queria machucá-los.

– Mas não podia! Simplesmente não podia!

– Por quê? – Ella é a única que tem coragem para perguntar.

– Por que diferente da sua história, ele é fato casado – digo desabando no chão, deixando as memórias voltarem.

Dezoito anos. Enfim dezoito.

Abro um sorrindo vendo o sol nascer, levantei e corri para tomar banho e me arrumar. Hoje o dia vai ser cheio, afinal, vou procurar por toda a cidade pelo o meu companheiro.

Queria ser sortuda como a mamãe, e ter meu feliz para sempre. Sonho tanto isso, que posso simplesmente chorar de alegria quando isso acontecer.

Acho que nunca chorei de alegria, e isso será perfeito.

Coloco as minhas mãos na barriga, e imagino o fruto do nosso amor, crescendo aqui dentro, e sei que isso me fará a pessoa mais realizada do mundo.

Amarrei meu cabelo, e saí do quarto e vejo papai. Ele me olha surpreso, pois não sou apaixonada por acordar cedo, na verdade, eu prefiro dormir até tarde, mas hoje é um dia feliz, e posso fazer uma exceção.

– Bom dia! Hoje será um dia maravilhoso! – falo beijando seu rosto, e ele sorri.

Papai não volta para o quarto, na verdade ele faz meu café, e me observa com cuidado, com o tivesse guardado esse momento para sempre no seu coração.

– Minha princesa cresceu, e está na hora de abrir voou para longe do ninho. – ele fala e isso me tira um sorriso.

– Sempre vou voltar. E meus bebês estarão comigo. – falo e ele abre um sorriso.

Depois disso, ele não consegue mais me segurar em casa. Passo as próximas cinco horas caminhando pela cidade tentando encontrar o rastro que me faça enlouquecer, para encontrar meu companheiro. Mas isso começa a ficar difícil, quando todos os lobos solteiros e sem companheiras são descartados, eles não são meus.

Eu não me preocupo que ele seja humano, ele foi escolhido para ser meu par, e vai ser perfeito para mim, é isso que importa.

Decido ir ao parque, perto da escola, tenho que eliminar esse lugar, mas meus passos param quando um forte cheiro chega até mim, e eu sei, sei que encontrei meu companheiro.

Mas minha felicidade logo se acaba quando descubro onde ele está. E meus olhos o encontram, sorrindo, beijando uma mulher vestida de noiva, na porta da igreja. As pessoas estão comemorando, pelos recém-casados.

Gael, meu tutor de matemática, é meu companheiro. Sua namorada do colegial é sua esposa.

Não. Eu.

A dor me rasga, e eu quero acabar com ela por tocar nele... Ele é meu. Mas antes foi dela. É dela. Será dela até eles morrerem.

Dói. Tanto.

Minhas lágrimas embaçam minha visão, mas eu posso o ver, olhando para frente, e confusão enche seu olhar quando me vê.

Antes que ele possa perguntar o que está acontecendo, dou um passo para trás, e corro para longe dele, desviando dos carros.

Preciso. Respira.

Minha loba grita! Está querendo marcá-lo.

Meu. Meu.

Não.

Corro para a floresta e me deito no chão, em posição fetal e choro. Por tudo.

Em quinze dias, tudo vai estar pior. E não posso deixar.

Ele será feliz. Nem que eu seja infeliz para isso acontecer.

– Como eu não vi?!  Minha filha estava sofrendo... Eu sou uma mãe horrível.  – mamãe chora. E isso me mata.

– Só não queria preocupá-los. Não tinha solução. – sussurro admitindo o que demorei em aceitar.

– Aurora! Você é minha filha. Meu bebê. Você sempre está me preocupando. – mamãe fala brava.

– Desculpa... Não sabia... Não tinha o que fazer. – digo enrolada por causa das lágrimas. Todos estão chorando.

– Você poderia nos contar! Podia sequestrá-lo! Coloca a razão nele. – Bela fala vermelha de raiva.

– Não. Não podia. Ele está feliz. Tão feliz.

– Quem é? – Ella pergunta, mas depois ela se recorda. – Gael.

– Sim. O amigo de Trent e Derek. O humano que vivia com eles. – falei.

– Deus! Ele era seu tutor, ninguém conseguiu te ensinar matemática! O chamei, ele te ensinou por três anos. Até quando foi fazer faculdade na cidade vizinha, ele nunca deixava de te ensinar, não até muda para a capital. – papai fala.

– Você não sentiu nada antes de descobrir? – Ariel pergunta.

– Não, Ariel. Eu sou inteligente como você.

– Temos que fazer algo! – Jasmine diz.

– Não. Ele voltou. E o que tenho que fazer é evitá-lo. Por mim e por ele.

Será melhor assim.

Posso fazer isso por mais tempo.

Não, você não pode. Trent ordena, e eu não sei  como evitar tudo isso.

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