Capítulo 2

Aurora

Respiro fundo e olho para o prédio com tristeza e felicidade. Eu e ele temos uma relação muito forte. Foi nesse lugar que tive a melhor memória e a pior, já que bom e ruim andam juntos. E isso nunca vai sair da minha mente, não importa o quanto lute quanto. 

Olho no espelho e arrumo meu cabelo no coque, e abro um sorriso. E vejo meu irmão estacionando sua moto, ao lado do meu carro. Eu podia até dar carona para ele, mas Eric tem vergonha de andar em um carro rosa, eu não vejo problema nenhum. Rosa é a cor mais bonita do mundo.

Saí do carro, mas antes peguei minha mochila rosa cheia de purpurina. E claro, ela tem orelhas de coelho. Não me preocupo com o que vão pensar, o que me preocupa nesse momento ou em todos os outros momentos da minha vida é ser feliz, e vou fazer de tudo para alcançar essa felicidade, nem que seja sozinha.

Ignoro os meninos assobiando na minha direção, e sigo direto para dentro da escola, e vou até meu armário, que é bem minha cara, sim, é rosa. Sorri para duas lobas que são novas na escola, e as deixo saber que vou ajudá-la com o que precisar.

Abro o armário e tiro os meus dois cadernos e duas canetas, uma azul e a outra rosa. E volto a fechar. E quando faço isso, vejo Mary. Ela está no último ano como eu, e é humana, e minha amiga, não me ver como uma anormal como alguns dos humanos, e isso me deixa aliviada. Não gosto de julgar todos como iguais.

Bom dia. Animada? ela perguntou sorrindo. Seus olhos são de um azul intenso, diferentes dos meus que são de um azul cinzento, e eu não gosto, eles mostram como estou fria por dentro, e isso me assusta.

Sim. Esse ano vai ser diferente. digo desanimada e Mary mexe a cabeça, e só com o seu olhar posso saber que ela me acha louca. Mas não me preocupo, a grande maioria me acha assim.

Vamos! Todos estão falando do novo professor de matemática! A nossa primeira aula é com ele. Mary me informa sorrindo, e eu concordo com a cabeça. Não estou interessada em baba no novo professor.

Se eu aprender matemática com ele, aí sim terá alguma vantagem para mim. Falei com verdade. Desde dos meus dezoito anos, não vejo matemática como a mesma coisa, e por causa disso reprovei todos esses anos seguidos.

Estão dizendo que ele é um gato loiro de olhos azuis. Como você. Mary fala baixinho quando passamos por um grupo de meninas que estão comentando a mesma coisa.

Tudo bem. Vamos para aula. Quero ver essas meninas caidinhas por ele. Será divertido de ver. digo animada, talvez meu dia não seja tão ruim assim.

Ah, tem um aluno novo. Não sabemos muito sobre ele, ele é bonito também.– Mary fala rapidamente. E concordo com assentiu de cabeça.

Veremos. Sua definição de bonito é diferente da minha. comento abrindo um sorriso, quando mais chego perto da porta da sala de aula mais minha loba fica ansiosa, e eu não entendo.

Como Mary disse, a sala está lotada, um pouco mais de meninas que meninos, mas nada fora do normal para mim, mas paro de notar esses detalhes quando um cheiro me bate, um cheiro que nunca esqueci, um cheiro que me faz chorar por dentro e querer atacar ao mesmo tempo.

Podem entrar, sejam bem-vindos. falou a voz calma e forte, e meus olhos se encontram com a pessoa que dominava os meus sonhos.

Meu companheiro.

Ele está diferente, seu porte físico está mais musculoso, mas não é exagerado, é na medida certa, seus cabelos estão curtos, mas ainda posso ver os fios dourados. Seus olhos são de um azul que me faz lembrar o céu. E quando o encaro, noto reconhecimento naquele olhar.

Nosso. Marca.

Eu dou um passo para trás, minha loba está por um fio de pegar meu controle e se joga em cima dele, e marca ele como meu para sempre, de todas as formas possíveis e impossíveis também.

Aurora... ele diz meu nome e eu confirmo. Fecho meus olhos e minha boca, quando sinto minha loba perto de ter o que ela sempre quis.

Gael... digo seu nome baixinho. Minha voz está rouca e engulo em seco, tentando me controlar. Mas não consigo, dou mais um passo para trás, e olho para minhas mãos, elas estão tremendo, e isso me assusta. Não sei o que está acontecendo. Minha visão ficou turva, e rosnei baixinho.

Minha loba está tentando sair e ela vai conseguir. Sem olhar para Gael ou para Mary corro em direção ao banheiro, e me tranco em uma das cabines e vomito todo o meu café. 

Me deixa sair.

Não. falo em um sussurro para a parede, e levo minhas mãos para a cabeça, quando minha loba começa a rugir e dói tanto.

Aurora! a voz urgente de Mary chegar até mim, ela está preocupada. E eu estou me segurando para não matá-la. Não quero ninguém perto de mim, ninguém além do meu companheiro.

Onde está o desgraçado?!

Acho que comi algo estragado no café. minto, vomitando mais uma vez. Minha garganta está doendo de tanta dor. Não tem mais o que vomitar.

Vamos para a enfermaria. Mary fala. Eu me levanto e concordo com ela. Tenho que está longe dele, assim posso ter o controle novamente e não corro o risco de machucá-lo ou pior matar alguém.

Saio da cabine e vou até a pia onde lavo meu rosto, e olho para minha pele pálida e assustada. Os olhos azuis cinzentos, mas em alguns segundos amarelos, mostrando que minha loba está irada.

Fecho minhas mãos na borda da pia e me seguro. Luto. E luto contra a minha loba, desde que encontrei meu companheiro, e não vou perder a merda do controle agora. Não, só não posso cair, porque se cair posso machucá-lo de novo.

Isso não pode acontecer. Não vou deixar.

Viro-me para Mary balançar a cabeça, e saí do banheiro, com os braços cruzados em volta da minha barriga, e tento me segurar. Tudo dói. E sei que vai para quando marca meu companheiro.

Mas simplesmente não posso fazer isso. Podia fazer? Podia. Mas não fui criada assim, é o meu direito de tê-la. Mas não vou tirá-lo da sua liberdade, ele já fez essa escolha... E essa escolha não sou eu.

Droga.

Caminho pelo o corredor e encontrei o meu sofrimento ali encostado na parede com as mãos nos bolsos e olhos preocupados direcionados a mim. E gemo para mim mesmo.

Você devia estar na enfermaria. Gael fala, sem se aproximar de mim, e isso é bom e ao mesmo tempo ruim. Isso é tão contraditório.

Estou indo... falo, mas paro. E não consigo me segurar e comento. Não sabia que tinha voltado para a cidade.

Faz uma semana. Estava precisando de uma mudança. ele diz com um meio sorriso, um meio sorriso que amo. Que sonho, e quero que seja só para mim. Sempre amei essa cidade.

É, não tem como não amá-la. Fecho meus olhos quando minha loba rosna na minha cabeça e a força do seu rugido me faz cambalear para trás, e Mary me mantém de pé.

Preciso ir embora. A floresta.

Chegar de conversa. Você precisa ir para enfermaria. ele ordena se aproximando de mim, e eu dou um passo para trás, fazendo Mary ir também para longe dele. 

Sim, professor. falo. Dando um passo para frente, mas minhas pernas fraquejaram, e seguro o choro com a dor. Minha loba está cada vez mais raivosa e sádica.

Deus – Gael murmura antes de me segurar, e seu toque é um bálsamo para minha dor e a pele que queima. Você está quente!

É meio óbvio. resmungo. E peço socorro ao meu irmão. Preciso ficar longe do meu companheiro, não posso brincar com a sorte.

Vou levá-la – Gael fala me ignorando.

– Não. Você precisa dar aula. Posso ir sozinha – falo saindo dos seus braços, e isso me mata. E deixa minha loba louca.

Aurora! grita meu irmão, e o alívio toma conta do meu ser. E quando ele me acolhe nos seus braços, eu sinto a dor diminuir e minha loba se acalma.

Se acalme. O lobo do meu irmão ordena para minha loba, e ela obedece insatisfeita, mas faz. Por que ela é submissa aos lobos da família. Ao papai e ao Eric.

O que está acontecendo? Eric pergunta em minha mente. E eu sei que não posso mais mentir.

Encontrei meu companheiro. Admito, mas não tudo.

Deus!

Será bom levá-la a enfermeira, ela está ficando mais branca. Gael fala e meu irmão fica bravo, e me pega no colo.

Papai vai te matar Eric fala, mas sei que ele está brincando.

Ele não pode matar uma pessoa morta por dentro. eu brinco e meu irmão bufa. Mas depois a realidade bate sobre ele.

Desde quando Aurora? ele pergunta exigente, olhando para meu rosto. Seu lobo também está bravo.

Desde... não consigo relevar, pois a dor se torna insuportável e para não deixar minha loba sair. Eu me apago. E o mundo fica preto. 

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