Mundo de ficçãoIniciar sessãoEm um momento crítico de sua vida, Arthur se vê no fundo do poço. Em seu último instante de razão decide visitar a única pessoa que pode lhe trazer de volta as forças para seguir em frente, porém a jornada será longa e desafiadora, Arthur enfrentará seus maiores conflitos e medos ao passar por um processo sinistro e aterrorizador.
Ler maisUm espasmo vibrou o corpo inteiro de Arthur, seus olhos estavam pesados e aos poucos foi sentindo um amargo na boca que descia pela garganta através de um tubo, ao longe o som de um bip ia constantemente e gradualmente entrando em sua mente como se alguém estivesse tentando hipnotiza-lo com algum tipo de dispositivo mecânico. A visão embaçada lhe permitia ver apenas manchas e vultos em um ambiente pálido, em meio a um leve desespero não tinha forças para se mexer ou emitir algum ruído. Aos poucos a sensação de fobia foi lhe tomando, bem como a razão foi entrando nos eixos. Tentava se manter calmo para entender o que acontecera, ao passo que uma sonolência lhe tomara quase que por completo fazendo-o fechar os olhos e voltar ao seu estado de inércia. Vinte e quatro horas depois seus olhos voltaram a reagir, A
Fortes solavancos chacoalham os passageiros do Meteoro bruscamente de um lado para outro, o Chofer mantém sua total atenção na estrada com os olhos esbugalhados e o suor escorrendo em seu rosto; a tempestade os alcança e o vento por vezes tenta empurrar o ônibus para fora da rodovia, à frente troncos de árvores caem no meio da pista obrigando o Chofer a mostrar todo seu talento ao volante, suas mãos seguram o volante com firmeza e segurança e alavancado pelos longos braços que correm por cima da direção realiza curvas precisas de um lado a outro com a precisão de motoristas dublês em filmes de ação, desviando de um lado para outro, tirando fina dos obstáculos e do guardrail. Arthur apesar de estar em desespero assim como todos ali, ele fica por um momento paralisado, como se sonhasse acordado olhando para o nada, sua mente viajava por toda a sua linha tempora
Uma brisa gélida toca o rosto de Arthur que acorda preguiçosamente, sente as pálpebras pesadas e um sentimento de “ter que abrir os olhos contra a própria vontade”, o cansaço o dominava por completo adicionado a um amargor na garganta e um pontada sequencial na parte anterior da cabeça, metade de sua consciência insistia em despertar e seguir em frente a outra o forçava a fechar os olhos e continuar em sono profundo. A brisa se transformou em um vendaval repentino que assustou Arthur fazendo-o dar um salto e ficar sentado no banco de madeira, ainda sonolento e agora sentindo uma ansia, percebeu que estava em frente a um restaurante de beira de estrada, mais precisamente na saída da cidade de Barueri-SP, era fim de tarde no crepúsculo as nuvens do horizonte estavam pintadas com manchas escarlate, ele ficou ali contemplando aquele raro momento de paz quando um piar de gavião o trouxe para a realida
Uma semana antes da fatídica viagem de Arthur ao mundo sobrenatural, os dias seguiam insuportáveis, seu tédio e depressão o amarravam no quarto deixando-o isolado do restante do mundo em um profundo poço escuro e sem fundo. A imersão no silêncio caótico é quebrada pelo ruído de arranhões na porta de vidro da sacada, Arthur contrariado se levanta da cama e vai suportando a dor latejante de seu joelho direito atender a um pedido de socorro, se arrasta pelo quarto levando consigo as dores do corpo e a tontura de uma forte ressaca que por vezes o visitara nos últimos dias. Chegando próximo a sacada o som das arranhadas ficam mais intensos e um miado longo deixa claro quem está fazendo aquele alarde, era Baltazar, seu amigo cinza. Arthur abriu a cortina de cor vinho que deixava o ambiente da sala em penumbra, a claridade afetou-lhe os olhos.&n
Sentindo sua energia se esvair, Arthur está exausto na plataforma de embarque da linha vermelha na estação Praça da Sé do metrô sentido zona leste de São Paulo. Esgotado, sem forças para se mexer, sente mãos rígidas o pegarem pelos dois braços e imediatamente ele percebe seu corpo ser erguido e em seguida é colocado sentado de volta em um dos bancos. Ao abrir os olhos, Arthur vê que se trata de dois seguranças do Metro. _O senhor está bem? – Um deles perguntou de forma simpática e preocupada. Buscando se encontrar nos fatos Arthur deixa escapar um sorriso amarelo. _Não sei dizer, acho que estou sim.&n
Uma forte pontada no frontal de sua cabeça o faz acordar, era a ressaca de uma garrafa de whisky, estava deitado ocupando dois bancos do ônibus, por alguns momentos sentiu-se perdido até que conseguiu sentar-se e erguer a cabeça com sua visão alcançando a estrada pelo para-brisa. Para seu desespero, além daquele sentimento horroroso de ressaca que já não sentia há mais de quinze anos, percebeu que tudo seguia como antes, uma estrada úmida, escura e embrenhada em uma névoa sem fim. _Seja bem-vindo de volta meu caro. Aquela voz rouca parecia rachar seu cérebro ao meio, como quando se engole uma bola de sorvete inteiro de uma só vez. _Não enche.&
Último capítulo