Capítulo 4

Aurora 

Três dias depois

A tevê está ligada, passando um filme de terror, mas meu foco não está nela, mas sim, na floresta, e como ela parece está me chamando. Estava evitando está lá fora a três dias, o motivo, caçadores humanos estão na área. Claro que podia fugir deles, mas minha loba está muito agressiva, talvez eles não sobrevivam ao meu ataque. 

Mas esse problema foi resolvido por Derek e seu pai, junto com o quartel de bombeiros, e claro a guarda florestal, todos em sua grande maioria lobos ou vampiros, resolveram assustando e usando a lei a favor de nós. 

Fecho os olhos. E antes de sair do quarto, desliguei a tevê. E peguei um sapato no meu closet, e saí de casa rumo à floresta.

Estamos livres. 

Minha loba precisa sair, a cada dia que passar, é a caminhada, a floresta, e a medicação ao amanhecer que mantém ela quieta, sem fazer nenhuma loucura.

Olho sobre o ombro, e vejo meu pai e meu irmão na janela de casa. E suspiro e mando uma mensagem que estou bem. Mas para eles eu nunca vou estar bem. Só quando estiver com o vínculo de acasalamento finalizado.

Desde que revelei a verdade, minha família está se revezando para me vigiar, não reclamo isso deixa minha loba no controle. E se por acaso ela conseguir me tirar da jogada, minha família vai me para.

É bom não estar sozinha, nessa luta.

Fecho os meus olhos e escuto tudo em minha volta, no mínimo detalhe. E é bom. Mostrar que aqui, não preciso estar sob controle. É bom dividir esse peso.

Estou a ponto de me levantar e me transformar quando sinto um animal correndo, ele é de quatro patas, e olho para minha direita, e ele aparece no meu campo de visão. E ele é lindo.

– Vem aqui. – eu chamo. E ele me analisa, com aqueles olhos azuis, e logo ele está me cercando, e quando chegar perto o bastante, eu passo minhas mãos em seu pelo. – Você é um cachorro muito lindo.

Ele é uma espécie parecida com os lobos. E isso quase me faz ver como um filhote, mas ele é um filhote da sua espécie. E parecer está perdido.

– Então bolinha? Quem você pertence? – perguntei olhando para seus olhos e ele latiu. Eu beijo seu pelo. E procuro sua coleira. Mas ele não tem. – Aposto que tem alguém atrás de você.

Eu brinco com ele por um tempo, e minha loba estava feliz, ela sempre gostou de brincar com os animais da floresta, mesmo que o cachorro, não seja o animal da floresta propriamente dita.

levantei-me e corro e ele corre atrás de mim, e respiro seu cheiro e noto uma fragrância, uma que nunca vou esquecer. Do meu companheiro. Isso me faz cair. Acabei não olhando o grande pedaço de galho que estava caído na minha frente.

Eu acabo rindo quando o cachorrinho lambe meu rosto animando, para dar carinho. E eu faço carinho nele entre algumas risadas. Mas ela morre quando o cheiro dele fica mais forte, e não tem como ser minha imaginação.

E de fato não é. Ele está aqui.

– Aurora! – ele diz assim que me encontra caída no chão. Não ligo por está assim. Ou que ele me veja de pijama. – Você está bem?

– Estou sim. Só escorreguei – esclareço me levantando e limpando minhas mãos na roupa. – Então ele é seu?

– Sim. Deixei ele fazer xixi, e quando dei por mim, ele entrou na floresta e se perdeu – ele fala quando o filhote em questão começa a latir em volta das suas pernas, e se abaixar para pegá-lo, e quando volta a está de pé. A visão que tenho dele é boa demais.

– Imagino. Ele é só um filhote, não sabe ainda das coisas – falo olhando para o cachorro não para Gael que estava lindo. Com calções moletom e uma blusa branca, não muito larga, na medida certa. 

Vê-lo com o cachorro me faz imaginar o nosso bebê, na sua primeira transformação. – Como se chama?

– Zeus. Tem uma parte do seu pelo que parece um raio – ele revela, mostrando entre o pelo branco, alguns pretos que parece de fato um raio, torto, mas ainda um raio.

– Muito bem. Zeus, muito prazer sou Aurora. Você é um cachorrinho muito fofo e rápido – falou, e eu me aproximo dele e passou meus dedos entre seus pelos, e seguro sua boca quando ele tenta me morder, mas não dói.

– Prazer Aurora! Sou o cachorro filhote mais rápido dessa cidade – Gael fala imitando uma voz de criança, segurando e mexendo uma pata de Zeus na minha direção como um comprimento. E isso acaba me tirando uma risada.

– Ele é muito fofo – digo e meus dedos acabaram se encontrando com os de Gael, pois estava alisando do seu cabelo. E uma eletricidade se espalha com esse pequeno toque, mas logo recolhi minha mão, não posso chegar muito tempo.

– O que faz aqui? Ainda mais a essa hora e sozinha? – ele pergunta quando a realidade cai, e eu engulo em seco, é bom ver ele preocupado comigo.

– Aqui é seguro. Vivi minha vida toda nessa floresta, e a minha casa não é longe. Você sabe – falo.

– Sim, mas não é seguro. Ainda mais para uma garota como você... – ele para de fala e respira fundo.

– Como eu? – eu perguntei, não vou deixar essa escapar.

– Você sabe. Bonita, inocente e não está vestida apropriadamente – ele diz e eu acabo abrindo um sorriso, quando ele usa palavras complicadas para explicar que estou quase nua.

– Estou sim. E sei me cuidar. Faço isso há anos. Sempre vejo o nascer do dia aqui na floresta – digo mexendo na barra do meu pijama. Ele é um vestido que mal cobre a bunda.

– Anos? Deus, você é a mesma louquinha que conheci anos atrás – ele diz quase horrorizado, mas não consegue parar de sorrir.

– Piorou muito com os passar dos anos – afirmo e ele fecha os olhos.

– Creio que sim. Por que não parece na escola? Faz três dias. – ele diz, e eu desvio meus olhos deles. Sabia que ele tocaria nesse assunto, mas não queria responder. Porque sabia que ia mentir para ele.

– Quatro dias. Também não vou hoje. – digo.

– Aurora? – ele diz meu nome, e a forma que ele diz, me faz olhar para ele. E a preocupação está ali nos seus olhos azuis.

– Você sabe que nunca fui boa em estudos. Acho que puxei a minha mãe. E bom me conformei com isso. – digo, tirando os meus cabelos da frente do rosto quando o vento bate neles.

– Isso não é verdade. Eu ensinei você, Aurora. Você é inteligente. E acho que você está naquela escola por que quer. – ele fala decidido, e não está errado. Ele fez estágio lá e às vezes nos encontravam pelos corredores, ele era um bom professor, e quando descobrir que era meu companheiro, o melhor lugar para lembrar dele, era lá.

– Você acertou. – sussurrei.

– Se quer tanto viver lá. Estude. Seja uma de nós – ele fala, e eu sei que ele está sorrindo. E eu posso sentir minha loba rosna de felicidade.

– Uma de nós?

– Professores.

– Nunca pensei nisso. – admito. Mas francamente, não sei se quero. Ainda tenho muito tempo para escolher o que quero da minha vida.

– Agora é uma boa hora para começar. – ele fala como um verdadeiro professor.

– Vou pensar no seu caso, professor – eu falo.

– Gael, por favor, estamos fora da escola. E não estou muito velho que você – ele comenta.

– Sim. Você tem vinte seis. Um prodígio. Formou-se com honras e muito cedo. Mas pensando bem, minhas irmãs também são prodígios – falo ao mesmo tempo em que divago.

– Você também é. Eu sei disso – comentar.

– Não sei do que está falando. – eu desconversei.

– Ahh, você sabe sim. Mas vou deixar isso quieto por enquanto. – falou ele, colocando Zeus no chão. – Vou deixá-la em casa.

– Não precisa…

– Não vou aceitar sua recusa. – ele diz. E sei que não vai mudar de opinião. Então sigo o caminho da minha casa com ele do meu lado, e Zeus correndo atrás de nós.

O silêncio é confortável e eu aproveito todo segundo que estamos juntos. Não sei quando isso vai ser possível novamente. Então decidi focar no agora.

Quando avisto minha casa, certo desânimo me assola, mas não posso fazer nada por isso. E vejo meu pai na porta de casa me esperando como sempre.

– Obrigada. – falei me voltando para Gael. Ele concorda com um pequeno sorriso. Volto-me até Zeus e beijo rosto, e me sentindo corajosa, beijo a bochecha de Gael e depois corro para minha casa.

– O que está acontecendo? – papai pergunta quando entramos.

– Não sei.

– Você devia sequestrá-lo. – mamãe fala da cozinha.

– Sem sequestro – falo rindo.

– Ainda acho que um dos meus filhos vai sequestrar o companheiro A mãe sabe dessas coisas. – ela fala séria e depois sorri.

– Bom sequestro não está nos meus planos. Você saberá se isso ocorre. – falei me sentando na cadeira ao seu lado.

– Deus. Você é igual a sua mãe. – papai diz sorrindo.

– Todas as minhas filhas são! Menos o ingrato de Eric, que nasceu igual a você. Se não fosse por isso. Teria loiros por toda parte! – mamãe provoca. 

– Você já tem mamãe muitas loiras. Eu sou raro aqui – Eric fala de bom humor. E todos nós sabemos que nossa mãe está brincando.

– Seu ego vai destruir o telhado. – eu provoco e ele mostra a língua para mim.

Eu olho para minha família e me sinto em paz. E ao mesmo tempo quero meu companheiro ao meu lado com o nosso bebê. Mas não sei como conseguir isso quando ele já tem uma família. Talvez o sequestro seja uma opção.

Só o quero.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo