A noite seguia em Thunderwoof com um silêncio denso, como se cada pedra do território soubesse do que fora dito no salão. Ares encerrara o jantar da matilha com firmeza, e embora a maioria tivesse retomado seus lugares e distrações, o peso da dúvida ainda pairava no ar — como um perfume indesejado que insistia em ficar.
No quarto de Clarice, a janela entreaberta deixava o vento entrar devagar, trazendo o cheiro da terra molhada e da madeira queimada das tochas. Ela estava sentada na beira da cama, ainda com a camisa escura que usara no salão, os cabelos úmidos presos em uma trança frouxa. O olhar perdido fixava o nada, enquanto os dedos desenhavam padrões invisíveis sobre a coxa.
Ares entrou sem bater. Ele já não precisava disso — não com ela. A presença dele preencheu o espaço de forma silenciosa, mas marcante. Clarice não se virou. Sabia que era ele.
— Estão quietos lá embaixo agora — ele disse, a voz baixa, como se temesse quebrar algo.
— Mas não em suas cabeças — ela respondeu.
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