305. O que Matt queria
Gabrielle Goldman
Caminhei até ele, mas ignorei seu convite mudo. Em vez de sentar-me ao seu lado, acomodei-me na poltrona em frente, mantendo a mesa de centro como uma simbólica linha divisória entre nós. Eu sabia que aquela barreira física não significava nada, em dois passos ele me alcançaria. Mas naquele momento, eu precisava sentir que havia algum tipo de controle da minha parte. Mesmo que ilusório. Mesmo que fosse apenas um consolo para a minha mente em frangalhos.
Cruzei as pernas com calma calculada, puxando o cetim do roupão para cobrir as coxas expostas. O tecido deslizou pela pele com suavidade, mas meu gesto foi firme, proposital. Eu não queria que ele interpretasse nada errado, como fizera na noite anterior. Mesmo que seus olhos repousassem em mim com um interesse descarado, eu não desviei o olhar. Mantenho minha expressão impassível, fria, como se nada nele pudesse me afetar.
Eu já havia aprendido a lição. Com Matt, baixar a guarda era abrir caminho para o