A luz dourada do fim da tarde tingia de âmbar as tábuas gastas da casa de Loran quando a porta se abriu com um rangido grave. Eu e Damon estávamos de pé no centro da sala, a tensão entre nós tão palpável quanto o ar morno que entrava. O som das botas pesadas de Lysander ecoou primeiro, seguido do passo mais leve de Loran.
Mas foi a última a entrar que fez o mundo ao meu redor encolher.
Isabel.
Uma mulher de cabelos longos e brancos como neve recém-caída, a postura ereta, quase altiva. Ela parou na soleira, e seu olhar pousou direto em Damon. O ar pareceu vacilar. Os olhos dela — de um azul pálido, quase translúcido — se arregalaram e ela ficou absolutamente imóvel. A pele enrugada empalideceu um tom.
Então, com um movimento lento, os olhos de Isabel se voltaram para mim. O peito dela subiu e desceu, contido. Quando abriu a boca, a voz saiu baixa, firme como pedra lascada:
— Vocês dois… — As palavras pairaram no ar, carregadas de um significado que ninguém ali compreendia. — Vocês não