Giovanna
Assim que o portão se abre, sou recebida pelo jardim impecavelmente cuidado da casa de Elma. Rosas bem podadas, lavandas alinhadas e um caminho de pedras brancas que parecem guiar-me para um refúgio de paz. A ironia me fez sorrir sem humor — nunca vi um lugar que transmitisse tanta calma pertencer a alguém tão incapaz de oferecê-la. Cada flor parece esconder um espinho ainda mais afiado do que os que a própria Elma traz na língua.
Assim que o veículo estaciona, desço do carro com passos firmes, ajustando a minha respiração para não deixar que o meu coração denunciar a minha ansiedade. O ar perfumado das flores contrasta com a rigidez do clima que me aguarda agora. E lá estava ela: parada na soleira da porta, com os braços cruzados e uma expressão dura, como se a própria fachada da casa se personificasse em sua face enrijecida.
Os olhos de Elma me percorrem de cima a baixo, como se a minha presença fosse uma afronta um erro que ousa bater à sua porta.
E ela é.
Respiro fundo,