O porão está em silêncio há horas.
O relógio do meu telefone esfrega na minha cara que ele não voltou, que talvez tenha mesmo feito o que eu mandei, e procurado outra. E mesmo assim, meu corpo continua tenso, esperando.
Estou deitada de lado, com o lençol amassado sob o corpo e o coração tão acelerado que parece desespero.
Então, o som da porta de aço sendo aberta.
Prendo o ar por reflexo.
Samiel não acende a luz — o escuro é território perfeito para ele — só vai direto para o banheiro e eu ouço o chuveiro ligar. Minutos depois, o colchão afunda atrás de mim e o calor dele parece me tocar. Um arrepio delicioso quase me faz virar e admitir que estou completamente molhada por ele.
Espera… ele sabe, não sabe? Ele sempre sente o cheiro do meu desejo.
Só de pensar nisso, minha respiração acelera, e é impossível controlar. O perfume do sabonete… e o cheiro que é só dele…
— Eu ouço o seu coração, sabe — a voz dele surge rente ao meu ouvido, preguiçosa, quase divertida. — Não sei como você