O motor do carro geme quando piso fundo no acelerador.
A estrada está deserta, um fio de asfalto se estende à minha frente, e eu não tenho a menor intenção de respeitar o limite de velocidade. O volante vibra nas minhas mãos, a máquina também parece estar querendo mais, como se tivesse sede da mesma coisa que eu tenho no meu peito.
Uma hora e meia é a distância do orfanato onde Alexia nasceu, mas em menos de quarenta minutos, estou estacionando em frente ao portão de ferro enferrujado, em um lugar no meio do nada.
Toco a corrente grossa que prende o portão com um cadeado grande. Seria mais fácil se eu conseguisse só convencê-lo a abrir, mas minha voz só funciona com os chimpanzés que Ele criou.
Puxo o ar com força e arrebento os elos com um puxão. Foi burrice sair sem me alimentar, a fome me deixa mais fraco e mais irritado.
Três andares de um prédio cinza, com janelas estreitas e gradeadas, que lembram mais uma prisão do que um lugar para crianças. Só de olhar para isso eu já sei