Mundo ficciónIniciar sesiónCapítulo 8
Riley Collins Subi as escadas com o corpo cansado, mas a mente inquieta. O que Jackson me pediu ainda martelava dentro do peito. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que decidir de que lado ficaria. Mas, por enquanto, só queria respirar. Assim que entrei no quarto, parei. Sobre a cama, uma nova roupa estava estendida. Só que dessa vez... era diferente. Me aproximei devagar. O tecido era macio, fino como seda, de um tom vinho escuro que parecia hipnotizar. O corte era elegante, mas com uma ousadia que saltava aos olhos. Um decote profundo, uma fenda lateral que ia até o alto da coxa e um caimento que parecia feito sob medida. Toquei com os dedos e me peguei sorrindo. Delicado, sofisticado, sensual. Nem de longe lembrava os conjuntos comportados que vieram na arara dos primeiros dias. Peguei o vestido nas mãos... e quase caí de costas ao ver a etiqueta. Era o tipo de valor que eu jamais teria coragem de pagar por um vestido. Nem em meus devaneios mais extravagantes. Talvez... Luca não seja tão ruim. Sacudi a cabeça. Eu estava confundindo tudo. Mas entre Jackson e Luca... talvez eu precisasse repensar o que sabia. Fui para o banheiro e tomei um banho demorado. Precisava clarear as ideias. A água quente escorria pelo corpo como se pudesse de alguma forma, me purificar da confusão que me cercava. Ao sair, envolta apenas na toalha, levei um susto. — Ah! — ofeguei. Luca estava ali em pé. Bem na minha frente. E segurava o vestido nas mãos. — O que você está fazendo aqui? — Estou no meu quarto. Na minha casa, e com a minha mulher — ele disse com a voz calma, sem tirar os olhos de mim. — Ou estou errado? — N-não... — gaguejei. — Mas não me sinto confortável. Pode me dar espaço? Ele deu um passo à frente. E outro. — Desse jeito não vai conseguir me seduzir, Riley. — Sorriu com deboche. — Você é tão fria... tão frígida. O sangue ferveu. Soltei a toalha com raiva, deixando-a cair no chão. — Me alcance o vestido, chefe. Ele se aproximou. Tão perto que senti o cheiro do seu perfume, amadeirado e envolvente. Mas não me entregou o vestido. Com gestos lentos, começou a me vestir. Primeiro deslizando o tecido pelos meus braços, depois pelas costas. A cada movimento, minha respiração falhava um pouco mais. — Está disposta a ser a senhora Black? Parei. O olhar dele era sério, profundo. — Eu me casei sob uma arma, chefe. Ele não parou. Continuou vestindo o vestido em mim, como se aquilo fosse parte de um ritual. — Preste atenção à pergunta. — A voz firme, mas sem elevar o tom. — Está disposta a ser a senhora Black? A dama da Amercana. A pessoa em quem posso confiar? Ou não? Tremi por dentro, mas não deixei transparecer. — Não sei onde quer chegar com isso, Luca. — Me chame de chefe! — falou mais firme. — Perdão, chefe. Eu esqueci. Ele me empurrou levemente até que meu corpo caísse sobre o colchão. Arregalei os olhos. Achei que ele viria por cima de mim, tentaria algo. Mas não. Luca se abaixou, passou os dedos pela lateral da minha coxa... e então puxou uma caixa que estava escondida ali ao lado da cama. Dentro, um par de sapatos maravilhosos de salto alto. Ele segurou um com cuidado, como se calçar uma mulher fosse parte de algum antigo juramento. — Na máfia — começou, enquanto deslizava o sapato no meu pé — normalmente é o filho primogênito "homem" que lidera. Mas minha mãe convenceu meu pai a não revelar qual dos dois filhos era o primogênito. Disse que nós deveríamos merecer o cargo com nossas ações. Calçou o outro pé. — Só que meu pai nunca escolheu. Nunca disse quem era. Ele morreu nos deixando no escuro. Com uma briga de muitos anos. — Sinto muito... chefe — sussurrei, de verdade. Ele olhou pra mim, depois desviou os olhos. — Não sinta. Apenas seja confiável. Isso já será o suficiente. — Confiável? — repeti, quase gaguejando. — Sim. Jackson se aproveitou disso tudo e me apunhalou pelas costas. Apareceu com um advogado falso depois do falecimento do meu pai, papéis forjados de testamento, e me colocou em campo. Fez parecer que quem matasse mais, eliminasse mais perigo, mereceria o posto. Eu obedeci. Fiz o trabalho sujo achando que cumpria a vontade do meu pai por um ano. Mas tudo era mentira. Eu mal conseguia processar tudo. — Descobri que existem dois testamentos — continuou. — E ao que tudo indica, o advogado de hoje está com o original. Ninguém sabia que meu pai trocou de advogado uma semana antes de morrer. Nem Jackson. Quando minha mãe revelou... tudo fez sentido. Jackson me queria morto. Já estava programado pra casar com você. Ele sabia o que vinha aí. Ele se levantou, ajeitou a lapela do terno, e me olhou uma última vez. — Odeio traidores, Riley. Você precisa me dizer de que lado está. Depois não terá mais volta. Quis responder. Quis dizer que eu não era uma traidora, e só fiquei de mãos atadas. Mas ele ergueu a mão. — Te espero no jardim. Vou reorganizar a equipe de segurança. Mas quero sua resposta depois. E saiu, deixando o peso da pergunta suspenso no ar. Estaria eu, disposta a ser a senhora Black? Eu só precisava ter acesso aquele documento de casamento. Saber se eu estava casada ou não.






