Capítulo 4
Após informar o diretor da equipe de pesquisa sobre minha gravidez e sugerir que reconsiderassem minha posição, fechei o e-mail, completamente preparada para a rejeição. Mesmo que fosse excluída, decidi que seguiria para a Suíça — se necessário, encontraria uma cabana encantadora para começar esse novo capítulo com meu filho.

Foi então que apareceu a mensagem de Gavin. Ele pediu uma reunião no restaurante Moonlight naquela noite — o mesmo lugar onde eu havia reservado para o nosso aniversário, onde ele me deixou esperando para estar com outra pessoa. Embora todos os meus nervos resistissem, finalmente digitei Aceito, antes que o sol poente afundasse minha tela do celular em uma luz âmbar.

De volta ao meu dormitório, minha loba Gloria rosnou dentro da minha cabeça — Você realmente vai? Depois de tudo isso?

— Eu tenho que ir. — Respondi. — Se quisermos manter esse filhote seguro, precisamos cortar todos os laços primeiro. O jantar vai fazer com que ele assine os papéis. Depois, quando estivermos a oceanos de distância...

O rosnado dela vibrou por mim. — E depois? Você acha que ele vai simplesmente deixar o filhote ir embora?

Exibi os dentes para o espelho. — Até lá, será tarde demais para ele fazer qualquer coisa sobre isso.

Gavin havia chegado cedo ao restaurante Moonlight, a mesa adornada com peônias que eu uma vez desenhei no meu diário de botânica, um colar de pedra da lua brilhando ao lado do vestido vermelho com o qual eu havia sonhado na edição da Vogue do mês passado — sua silenciosa admissão de atenção não menos pungente por ser tardia.

Quando me aproximei, ele se levantou com cavalheirismo ensaiado, puxando minha cadeira com a precisão de um homem se preparando para uma arbitragem corporativa, e não para uma reconciliação. O silêncio entre nós se condensou em uma tensão cristalina até que ele finalmente o quebrou. — Sobre o que aconteceu no hospital.

O caos irrompeu quando sua assistente atravessou as portas de vidro, frenética como uma médica de zona de guerra. O murmúrio abafado entre eles trouxe fragmentos traiçoeiros — Vivian... desmaio... ameaça de aborto... A cadeira dele raspou para trás, o som cortando através da última reserva de esperança que restava em mim. Na saída, ele parou — não por mim, mas para delegar responsabilidades — Rebecca, vou pedir para o James te acompanhar.

— Vai — Meu sorriso teve o gosto de cobre e jasmim esmagado. — Somos adultos brincando de romance, não somos? A mentira brilhou como as taças de champanhe entre nós.

Ele desapareceu na escuridão da noite. Meus joelhos fraquejaram enquanto a traição biológica espelhava o colapso emocional.

Através da visão turva, vi a silhueta de James se aproximando — não Gavin voltando, mas outro substituto.

O mármore frio correu para me encontrar, o pingente de pedra da lua se enterrando na minha palma enquanto a escuridão tomava o que ainda restava intocado.

A última imagem queimou-se na minha consciência — os faróis vermelhos se espalhando pelas ruas molhadas de chuva, levando-o para a crise de outra mulher enquanto a minha se cristalizava em permanência.

A consciência voltou em vislumbres fragmentados — os aventais borrados murmurando com Gavin perto da porta. As mãos do médico, enluvadas, pontuavam o ar — Você está ciente de que ela.

Minha garganta se contraiu. — Água, por favor?

A interrupção cortou o ar estéril, palavras saindo como um mergulhador exaurido voltando à superfície. O punho de Gavin, com seus punhos de camisa de grife, tocou minha palma febril ao passar o copo de papel, seu olhar já se desviando de volta para a autoridade de jaleco branco. — Você estava dizendo sobre a condição dela?

Um frio terror desceu pela minha espinha. Meus olhos se fixaram nos do médico, um pedido silencioso gritando através das pupilas dilatadas. O ritmo da máquina de monitoramento cardíaco aumentava como a contagem regressiva de uma bomba-relógio.

Felizmente, o telefone dele tocou — códigos de emergência corporativa vibrando com urgência existencial — Continuamos isso depois— Murmurou ele, já a meio caminho dos elevadores.

Quando as portas o engoliram por completo, a médica inclinou a prancheta. — Seu marido continua sem saber da gravidez?

— Surpresa de aniversário. — Respondi, o sorriso rachando como solo do deserto—Sua discrição seria... mutuamente benéfica.

A caneta dela hesitou — ética clínica lutando contra a discrição burguesa — antes de finalmente escrever desidratação benigna nos papéis de alta. O segredo se enrolava mais fundo, seu peso embrionário agora o dobro de pesado.

— Você ouviu? O quarto 806 tem aquele famoso casal de lobisomens — o Alfa de quem todos falam. Primeira vez que vejo o Rei Lobo pessoalmente! O Sr. Clarke não saiu do lado da sua Luna desde que chegaram.

— O que mais você esperaria? Você viu como ele a carregou pelo lobby? Parece cena de filme romântico.

Um suspiro — Eles estão juntos há dez anos, mas ainda agem como recém-casados. Enquanto isso, meu companheiro esquece nosso aniversário...

A fofoca queimou como prata na minha pele. Não havia engano — eles só podiam estar falando de Gavin e Vivian.

— Claro que ele é atencioso. A Sra. Clarke finalmente está lhe dando um herdeiro. O Alfa reuniu uma equipe inteira de especialistas para o menor desconforto dela.

Isso soou como uma piada. Gavin tratava Vivian como realeza, enquanto eu continuava sendo a Luna esquecida, deixada para me virar sozinha.

Após duas noites sem incidentes, os médicos finalmente me liberaram.

Quando saí pelo portão do hospital, meu primeiro destino foi o Conselho da Alcateia para pegar o Certificado de Rompimento do Vínculo.

Esse documento é uma manifestação da dissolução do nosso vínculo de companheiros.

Quando ele abrisse aquele envelope, eu já estaria na Suíça.
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