Capítulo 2
Ultimamente, Vivian vinha morando no nosso covil — o que antes era um refúgio privado para dois agora exalava o cheiro dela. Ela dizia que era para a "eficiência dos negócios da alcateia", e que duraria no máximo uma semana. Mas então o território dela foi devastado por lobos renegados, "forçando" ela a ocupar temporariamente a nossa ala de hóspedes.

Gavin aprovou isso antes mesmo de eu mostrar minhas garras em protesto.

— Os Brookers caçam ao lado da nossa linhagem há gerações. — Ele disse, como se isso magicamente tornasse a presença dela aceitável.

Agora, ela dominava nosso grande salão como uma Luna proclamada — organizando jantares de aliança onde os betas de alcateias vizinhas se curvavam para ela, e não para mim. Nosso vínculo de companheiros nunca foi anunciado publicamente, então a maioria das pessoas assumia que a socialite de pelagem dourada era a verdadeira Sra. Clarke.

Nesta noite, os encontrei na sala de guerra, com as cabeças baixas sobre um mapa de território.

— Rebecca! — O sorriso de Vivian, com suas presas à mostra, fez a minha pele se arrepiar.

— Estamos projetando a minha nova galeria de uivos. Você tem que contribuir!

— Tenho relatórios de laboratório para corrigir. — Eu disse, apertando meu roupão de noite. O Acordo de Rompimento do Vínculo de Companheiros agora estava oficial. O que Gavin fizesse. Com quem ele estivesse. Isso não era mais da minha conta.

Vivian riu.

— Ainda se escondendo atrás dos seus livros humanos mofados? Gavin costumava caçar coelhos frescos para mim quando minhas presas ainda eram pequenas demais para rasgar carne — não é verdade, Alfa?

Gavin deu uma risadinha.

— Você sempre precisou de ajuda nas suas caçadas. — Ele olhou para mim rapidamente, observando minha reação.

Mantive a expressão vazia, olhando para baixo. Como era doce — sua amizade de infância ainda tão forte depois de todo esse tempo. Enquanto isso, eu só continuaria esperando até que finalmente pudesse sair dessa reunião em movimento.

À meia-noite, eu estava revisando dados de laboratório quando Gavin entrou no nosso quarto de companheiros. O cheiro de whisky com acônito e o almíscar de jasmim de Vivian pairavam sobre o pelo dele enquanto ele se afundava nas peles ao meu lado.

— Ainda trabalhando? — As garras dele arranharam levemente meu ombro.

Minha espinha travou, mas quando a palma dele pressionou contra minhas escápulas, meu corpo se curvou para ele como uma loba solitária finalmente sentindo o cheiro de sua alcateia.

Patético, sibilou o último resquício do meu orgulho. Mas quatro invernos de covis vazios me deixaram faminta pelo toque de Gavin, que não soasse como pena — mesmo sabendo que seu toque nunca ficaria.

Seu focinho raspou meu pescoço enquanto suas garras rompiam os laços de seda da minha camisola —

— até meu estômago se revirar violentamente.

— Rebecca? — Gavin ficou imóvel quando eu de repente cobri minha boca.

A sensação de náusea desapareceu tão rápido quanto apareceu.

— Só... comi algo estranho no laboratório hoje. — Eu expliquei. As pílulas anticoncepcionais que eu tomava regularmente tornavam a gravidez impossível, mas meu estômago parecia se rebelar à ideia de que o cheiro de jasmim de Vivian impregnasse o covil enquanto Gavin me tocava.

Um estrondo estrondoso sacudiu as vigas ancestrais abaixo.

— Alfa? — A voz de Vivian subiu. — Eu sinto sangue — um intruso!

Gavin se tencionou, seus sentidos de lobo alertas. O dever chamava.

Ele se levantou das peles antes que eu pudesse respirar, pegando a lâmina de obsidiana de seu altar.

— Uive se ele ultrapassar a porta. — Ele rosnou, já uma sombra derretendo na escuridão da escada.

Não era nada — só uma parente atrapalhada derrubando o cálice ritualístico. Mas quando Gavin finalmente voltou, ele foi direto para a piscina de purificação sem me olhar. Eu segurei a respiração na escuridão, fingindo estar dormindo.

Na manhã seguinte, quase derramei meu tônico de framboesa lunar quando encontrei Gavin mexendo nos meus formulários de inscrição no instituto de pesquisa — os que eu havia deixado estupidamente no balcão da pedra sacrificada.

— Engenharia biomédica? — Ele ergueu o formulário para o instituto suíço, suas orelhas se movendo com curiosidade predatória. — Desde quando você corteja covis estrangeiros?

Exibi meu pescoço em falsa submissão, um gesto defensivo de loba.

— Uma irmã de alcateia me pediu para levar esses para ela.

Gavin virou uma página, examinando os detalhes.

— As eternas nevascas de Zurique congelariam seu sangue do sul.

Claro que ele havia esquecido. Dois invernos atrás, eu o conduzi até uma torre de uivos trancada pela neve, só para ver seu pelo coberto de branco, como nas histórias dos lobos Frostborn. Ele passou as horas estudando os pergaminhos do tratado.

Eu não respondi. Apenas olhei para ele com frieza.

Ele bateu seu cálice com força, seus olhos âmbar brilhando com o comando de Alfa.

— Você não precisa de nenhum covil estrangeiro. Eu poderia nomeá-la Chefe de Pesquisa de Ironpelt até o cair da noite.

Permaneci em silêncio, resoluta em conquistar o reconhecimento e as conquistas que busco pelos meus próprios esforços — mas a descrença dele na minha capacidade de alcançar isso sozinha cortou mais fundo do que palavras.

— Bom dia, meus queridos! — Ela entrou com um sorriso, seu manto de teia lunar flutuando como um estandarte de vitória enquanto tomava o braço do trono de Alfa de Gavin. Alfa, os oradores da lei exigem que abençoemos os novos acordos do poço de luta antes do alto-sol.

Gavin se levantou em um movimento ondulante de músculos.

— A câmara de pedra.

Enquanto eles se afastavam pelo corredor sombreado, eu puxei os formulários de volta. Minhas mãos estavam firmes quando alcancei a seção de Status do Vínculo.

Não marcado.
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