Três meses depois
Beatriz
Meu coração parece uma bomba-relógio prestes a explodir. Sinto as mãos de Rafael segurando as minhas enquanto dirigimos para o hospital, mas isso não é suficiente para acalmar a tempestade dentro de mim. Tento disfarçar, focando nos pequenos detalhes: o som do motor, o movimento ritmado do limpador de para-brisa, a playlist tranquila que Rafael escolheu para a viagem. Nada disso funciona. Há seis meses ele passou pela cirurgia, e cada consulta médica desde então tem sido um teste para minha sanidade.
— Vai dar tudo certo, amor. — ele diz, com aquele sorriso otimista que eu gostaria de conseguir imitar.
Eu apenas murmuro um "uhum" e finjo observar o movimento da rua. A verdade é que meu maior medo é que ele esteja errado. Que o câncer não tenha acabado, que ele esteja mentindo para si mesmo, ou para mim, sobre estar bem.
Chegamos ao hospital mais rápido do que eu esperava, e isso só aumenta minha ansiedade. Não tenho mais desculpas, não há mais tempo para prot