— Você não foi embora. — Disse ele lentamente, como se escolhesse as palavras certas. — Sinto muito por sair assim. Eu não deveria ter feito isso. Vou dizer aos meus pais. Você não tem ideia de como eles são caretas. Eu sei que isso não é desculpa, mas vou falar com eles, mas em um futuro distante.
Eu balancei a cabeça para ele. Ele era como uma criança, às vezes.— Ajude-me na limpeza antes que pareça mais como se um furacão tivesse atingido este lugar.Ele riu. — Você já arrumou suas malas?— Não. — Eu balancei a cabeça. — Eu não sei o que levar. Eu estava esperando que você pudesse me ajudar.— Precisamos ir às compras! — Adrian anunciou.Eu estava prestes a virar e correr quando ouvi essas palavras, mas o olhar severo dele parou minhas pernas.— Eu não quero ir às compras! — Eu exclamei. — Eu tenho que terminar meu trabalho no café. Eu estou saindo por duas semanas.Ele estreitou os olhos para mim. — Você é a chefe, você pode tirar férias quando quiser.— Por favor, Adrian, não... — Eu gemia, quase perdendo o controle. Ir às compras com ele era como a assinatura a própria sentença de morte. E eu já tinha sido torturada o suficiente.— Você precisa de coisas novas, Jenny. — disse Adrian num tom “é tão óbvio”. — Alguns novos biquínis, vestidos e estamos prontos para ir.Eu levantei as sobrancelhas, incrédula. — Biquínis e vestidos? O que no mundo aconteceu com a boa e velha calça jeans?— Tudo bem. — Ele resmungou — Um ou dois não importa muito.Meu queixo caiu no chão. Adrian estava agindo como se ele estivesse me fazendo um grande favor. Este homem tinha que tirar sua cabeça das nuvens.— Vamos terminar de arrumar sua mala, não é? — Eu rapidamente mudei de assunto, na esperança de distraí-lo.Ele sorriu, antes de entrar em seu quarto e tirar uma mala grande. Estava, basicamente, recheada com todas as suas roupas. Eu lancei para ele um olhar maldoso.— Agora eu tenho que fazer tudo de novo depois de sair. — Ele resmungou, certificando-se que ouvi cada palavra. — Sabemos do seu gosto.— Eu também te amo, Adrian, seu gay. — Eu sorri, mostrando a língua para ele, que me lançou um olhar sacana.— Seu Adrian gay. — Ele respondeu e eu lhe dei o meu melhor olhar “vá para o inferno”. Fechei suas malas e peguei seu telefone, disquei a pizzaria, que, obviamente, tinha na discagem rápida. — Ah, e olha só, ela pede comida como se fosse dona do lugar. — Ele murmurou.Eu sorri descaradamente para ele, antes de tomar outro gole para fora da garrafa de vinho, fazendo-o gritar comigo em desgosto.— Você vai ficar aqui à noite? — Ele perguntou com a cara torcida.— Claro. — Eu aceitei a sua não oferta, então ele me surpreendeu. — Nós vamos dormir juntos na casa do seu pai?Adrian sorriu.— Oh você deseja, querida? Mas, como eu já disse, eu não curto xanas.Eu joguei um travesseiro nele, tentando o meu melhor para não rir.— Ugh! Não foi o que eu quis dizer!Ele encolheu os ombros. — Se você não tem um problema, eu também não. Quero dizer, isso vai fazer eles nos olharem mais como um casal.— Não tem problema dormirmos juntos. — Eu disse, e acrescentei, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. — Quero dizer, de maneira completamente não sexual.Ele riu, e a campainha tocou.— Eu vou atender. — Eu murmurei, tirando a carteira de Adrian de dentro da capa do travesseiro, fazendo-o gritar.— Ei!Só que, quando eu abri a porta, não era o entregador de pizza. Era o Sr. Frederich Harrison. Eu fiz uma careta, fechando a porta atrás de mim antes que ele pudesse ver ou dizer qualquer coisa.— Você não estava lá no seu apartamento. — Disse ele, como se isso fosse uma explicação.— O que você quer? — Eu disse com os dentes cerrados.— Você sabe o que eu quero, Jennifer. Por que você não para de ser tão teimosa e aceita os termos? É um fato claro que você vai precisar de mim mais cedo ou mais tarde. No final, eu sou o único que pode oferecer...Eu olhei para ele e o cortei.— Eu não preciso de você. E eu estou feliz com o que meus pais me deram, por isso pegue suas ofertas e vá bater em alguma outra porta.— Shelly quer conhecê-la. — Disse ele. Meu coração se apertou. Shelly era sua esposa, que tinha acabado de se recuperar de um câncer.— Eu não posso. — Eu disse. — Estou deixando a cidade por algum tempo.— Com o seu amigo? — Ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.— Isso não é da sua conta. — Eu ouvi Adrian dizer atrás de mim. Eu me virei para vê-lo vestido com calças de pijama e uma camisa. Dei-lhe um sorriso agradecido.— Como você pode ver, ela não o quer aqui ou em sua vida. Deixe-a em paz.Frederich olhou para ele. Peguei a mão do meu amigo e arrastei-o para dentro do apartamento, fechando a porta em seguida. Dei-lhe o meu melhor sorriso e ele riu. Ele obviamente achou a minha raiva engraçada.— Falando sério, você vai vê-la? — Ele perguntou.— Ninguém nunca te disse que ouvir a conversa dos outros é feio? — Eu o provoquei. Ele me olhou sério e eu suspirei. — Não, eu realmente não quero dar a ela esperanças. Eu não acho que eu possa...Ele me deu um pequeno sorriso antes de me puxar para os seus braços. Abracei-o com força, buscando o conforto que ele me ofereceu. Adrian estava sempre lá para mim. Ele sabia o que eu queria dizer, o que eu precisava ouvir.— A pizza chegou. — Adrian anunciou quando a campainha tocou novamente.Sentei-me no sofá e liguei a televisão. Coloquei um copo rum quando Adrian me entregou um prato com a pizza. Comemos em silêncio, apenas ocasionalmente falando até que eu adormeci no sofá.— A única coisa que você nunca deve perguntar a minha mãe? — Adrian perguntou quando estávamos no caminho da casa do seu pai.— Ahm... — Eu tentei lembrar. — Sobre cirurgias e seu primeiro casamento.— O que você vai perguntar ao meu pai se você se encontrar em uma posição desconfortável com ele?— Sobre o seu negócio.— Bom. Eu não acho que Pierre vai falar com você, a menos que seja nas refeições ou algo assim. — Adrian afirmou. — Ele não costuma se socializar muito. Ele tem que manter a sua imagem de bundão, homem de negócios impiedoso e antissocial.Eu ri com a forma como Adrian descreveu seu irmão. Nós dirigimos até uma colina. De acordo com Adrian, seus pais viviam na periferia da Itália. Eles viviam em algo próximo a uma mansão, que não poderia mesmo ser chamada de uma casa.— Chegamos. — Adrian anunciou quando o motorista abriu a porta.Eu saí e quase babei sobre a vista. A mansão na minha frente era linda. Era um espetáculo para ser visto. Havia um pequeno lago de um lado e um grande gramado. A casa em si era enorme. Adrian pegou a minha mão na sua e eu ohei para ele confusa, até perceber. Ah, o nosso papel...— Ah, e Jenny? — Adrian sorriu quando entramos na casa. Dei-lhe um olhar interrogativo. — Você não tem que se fingir de difícil. Basta pensar em todas as fantasias que você teve sobre mim. Como eu sou irresistível, como eu sou sexy... — Ele parou.Eu não sabia se devia rir, chorar ou dá-lhe um tapa. Eu resolvi então apenas bater no seu braço, fazendo-o rir.— Adrian? — Uma mulher gritou e ele imediatamente colocou o braço em volta de mim. Uma mulher que parecia ter passado por uma cirurgia que correu mal entrou na sala. Eu desviei o olhar, não confiando em mim mesma para não rir. Agora eu entendia o que Adrian queria dizer com as cirurgias.— Senti tanto a sua falta! — Ela exclamou. — Venha e dê um abraço na s
Ele balançou a cabeça pelo meu comentário e pegou minha mão enquanto caminhávamos para dentro da casa novamente. Eu congelei quando entramos na casa. Pierre estava lá com Marie, e não havia sequer uma noção de remorso no seu rosto. Sua mãe empurrou-o e ele franziu a testa. Adrian apertou minha mão e eu olhei para ele, assegurando-lhe com os olhos que estava tudo bem.— Sinto muito. — Pierre pediu desculpas, mas ele não parecia estar arrependido. — Eu passei dos limites.Eu balancei a cabeça.— Eu sinto muito pelo tapa. — Agora que eu pensei sobre isso, eu realmente não deveria ter feito isso. Eu sei que ele cruzou a linha, mas eu não era normalmente uma pessoa violenta. Ele me deu um olhar sombrio. Eu sabia que ele não era tudo o que parecia demonstrar. Ele parecia tão centrado e... perigoso. Eu realmente não gostaria de conhecer o lado ruim deste homem.— Querido. — Marie disse. — Você e Jennifer vão ficar no mesmo quarto?Antes que Adrian pudesse responder, eu disse: — Só se estiver
Fechei a porta depois que Pierre virou à esquerda, e pareceu que um peso enorme tinha saído das minhas costas. Eu coloquei minha mala no chão e me aconcheguei na cama confortável. O sono me pegou imediatamente.Acordei com um bater de forma consistente na minha porta. Eu gemi e levantei-me, abrindo a porta para ver um Adrian sorridente.— O que? — Rosnei.Ele riu mais.— Hora do chá. — Ele caçoou. — Desvantagens de ser de uma família como esta. Talvez apareçam uma ou duas garotas das redondezas.Eu fiz uma careta.— Se essa é a sua tentativa de me fazer ciúmes, não está funcionando. Estou realmente feliz que meus pais não são como os seus.Ele me olhou de cima a baixo e então seus olhos foram para outro lugar. Ele se abaixou e eu olhei para ele com horror. Ele ia me beijar? Em vez disso, ele me empurrou para o quarto e trancou a porta. Ele colocou um dedo sobre os lábios e balançou a cabeça para a porta fechada. Foi só então que ouvi os passos. Maldição. Pierre.— Merda! — Eu exclamei
— Muito. — Eu rebati, saindo antes que pudesse dizer qualquer coisa. Eu caí para trás e Adrian sentou-se ao meu lado.— Bem, nada. — Adrian xingou e eu os meus pensamentos espelhavam os dele. Ele era como o irmão que nunca tive. Ele sabia tudo sobre mim e como tudo isso me levou até a borda. Ele não era como todas as pessoas gays extravagantes que você via na TV. Ele era um cara normal, que gostava de fazer coisas normais, mas que preferiu seu próprio sexo.— Você quer sair e esquecer um pouco as coisas? — Adrian perguntou gentilmente.— Não, está tudo bem. Nós vamos para baixo, eu me sinto mal por deixar o chá assim.— Mamãe não vai se importar, Jenny. Eu vou apenas dizer-lhe que tinha um telefonema estressante e teve que relaxar.Dei-lhe um sorriso. — Está tudo bem. Vamos descer.Descemos em silêncio absoluto. Marie ainda estava na sala de jantar, falando com Pierre. Eles olharam para cima quando entramos. Marie sorriu e o olhar no rosto de Pierre me disse que eu não gostaria do chá
— Você sabe que este é um tema sensível, Jenny. Deixa assim, por favor.Relutantemente, eu assenti. Se era isso que ele queria, eu respeitaria.Eu não conseguia dormir. Tentei tanto quanto eu pude, mas não consegui convencer meu corpo a seguir a minha mente. Eu devia estar com jet lag, cansada, na máxima exaustão, era a explicação. Mas eu estava também bastante confusa. Olhei para o relógio e percebi que era tarde demais para ligar para a minha mãe e eu realmente não estava preparada para a gritaria dela.Ela iria me dizer exatamente que era uma estúpida decisão essa que eu tinha feito e eu não estava pronta para ouvir isso ainda. Então, eu saí da cama e vesti um roupão de seda caro que eu tinha trazido. Estes eram os prazeres que me deixavam mais culpada, pois era onde boa parte do meu dinheiro se ia.Puxei-o em torno de mim com força e amarrei-o. Coloquei minhas pantufas felpudas e sai do quarto. Eu esperava que não tivesse ninguém acordado em nenhum lugar, ou isso seria muito embar
— Parece que você teve o pior dos castigos. — Comentou Pierre. Eu me virei para olhar para ele em confusão. Ele estava dirigindo-nos para a cidade.Fazia uma hora desde que deixamos a casa dos seus pais e não havia tido uma palavra entre nós. Eu até pensei duas vezes sobre ligar o rádio, mas decidi não arriscar. Pierre parecia tão sério na condução que eu não pude sequer pensar em perturbá-lo.Isso me assustou ao mesmo passo que me fascinou. Ele tinha essa vibração perigosa que eu podia sentir a partir de uma milha de distância. Ele era o cara que meus pais me disseram para ficar longe.— Jennifer? — A voz de Pierre me tirou dos meus devaneios. Um rubor cobriu meu rosto quando eu percebi que ele estava esperando que eu respondesse.— Desculpa, o que? — Corei novamente.— Estava em uma espécie de porão próprio, Jennifer? — Eu me repreendi.— Parece que você tem uma detenção tripla nesse aspecto.— Eu não sabia que minha atitude era tão horrível. — Ele disse e, embora estivesse provavel
Eu estava prestes a responder, mas meu telefone tocou. Eu olhei para o identificador de chamadas. Mamãe.— Oi, mãe. — Eu disse com cautela, esperando a tempestade.— O que você estava pensando? — Ela me repreendeu, sem sequer uma saudação. — Você sabe quanto problema isso vai causar?— Mãe, — eu interrompi, — eu sei. Você sabe o quão difícil é para dizer não a ele.— Isso não é desculpa, Jennifer. — Eu podia imaginar o rosto da minha mãe, e eu não tinha nenhuma dúvida de que ela estava franzindo a testa.— Eu sei, mãe! — Suspirei. — Adrian não teria desistido até que eu dissesse que sim. Você sabe como ele é.— Você percebe o que vai acontecer quando ele sair do armário?Rangi os dentes.— Eu sei, mãe. Eu percebi depois que eu vim aqui. Eu não deveria ter aceitado, eu sei.Mamãe suspirou. — Querida, para o seu bem, espero que o Adrian volte a si.— Eu também, mãe. Te amo. — Eu sorri.— Também te amo, querida. Divirta-se. — Minha mãe disse e cortou a chamada.— Sua mãe? — Pierre pergu
— Jenny? — Ouvi Adrian dizer e pulei para longe de Pierre como se ele estivesse em chamas. Pierre tinha um olhar sombrio no rosto, enquanto olhava para a figura que se aproximava.Adrian caminhou em nossa direção, vestido elegantemente em um terno, com um sorriso no rosto. Metade de mim estava brava com ele, a outra metade feliz que ele veio em cima da hora e me salvou de ser violada por Pierre Lawrence. Ok, talvez eu estivesse exagerando, mas eu sabia que uma vez que aqueles lábios luxuriosos tocassem os meus, eu estaria perdida.— A-Adrian. — Eu gaguejei, tentando manter minha voz normal. — O que... Por que você está aqui mais cedo?— Eu disse ao meu pai que o tempo gasto com a minha namorada impressionante era mais importante, e que eu iria te ajudar com as suas coisas hoje à tarde.Engoli em seco.— Oh? Ahm... Nós estávamos apenas tomando um pouco de sol aqui.O rosto de Adrian ficou amassado com preocupação e confusão.— Você está bem, Jenny? Você parece um pouco pálida.Eu balan