Eles terminaram o café da manhã, trocando apenas olhares cheios de significados velados. Marvila trocou a bebê e saíram. Dom instalou a cadeirinha de Aninha no banco de trás e, por hábito, Marvila sentou-se ao lado da filha, no banco traseiro.
O carro saiu da garagem. Dom, concentrado na direção, tentou iniciar uma conversa que quebrava o silêncio.
— Você está ansiosa para conhecer o resto da família, Marvila? — ele perguntou, com a voz séria, mas que parecia um pouco diferente, talvez mais leve do que o habitual.
Marvila percebeu a mudança sutil no tom dele e respondeu, apreensiva, olhando a paisagem correr pela janela.
— Um pouco. Estou com medo de não gostarem de mim. De me acharem muito nova, ou pior... interesseira.
Dom riu, um som seco e rápido.
— Ninguém vai te tratar mal. E, francamente, a vida da gente não é da conta de ninguém. Não se preocupe com isso.
O silêncio voltou, mas Marvila sentiu que era o momento de confrontá-lo, impulsionada pela ousadia da noite anterior.
— E v