Dom abriu a porta do carro para ela com um gesto automático, cortês, mas frio.
— Cuidado. — disse apenas, evitando encará-la.
Marvila entrou, ajeitando o vestido, com o coração apertado. Quando ele deu a volta e sentou ao volante, o silêncio se instalou como uma parede entre os dois. O som do motor preencheu o vazio, e os olhos dele permaneceram fixos na estrada.
Ela não aguentou.
— Por que me escolheu? — perguntou, com a voz trêmula, mas firme.
Ele permaneceu calado por um instante, com as mãos apertando o volante.
— O quê? — respondeu, sem olhar para ela.
— Isso mesmo que ouviu. — insistiu, com a respiração acelerada.
— Você quis uma mulher que não iria tentar o seu coração? Que não fosse capaz de fazer você voltar a amar? É isso?
Dom soltou o ar devagar, com o maxilar rígido.
— Pare. Você está confusa.
Ela continuou falando.
— Achei que você tinha gostado de ontem. — disse, num tom contido, sem emoção.
— Mesmo que não tenha sido muita coisa.
Ele a olhou de lado, sentindo o rosto qu