Karl Pov
Assim que chego na entrada do palácio, o ar da noite me atinge como um tapa gelado. Meus pulmões se expandem com dificuldade, como se até o oxigênio se recusasse a me acolher. Tiro o celular do bolso com mãos que tremem levemente, não de medo, mas de antecipação. As pontas dos meus dedos formigam. Eu disco o número da Bea, pressionando o celular contra a orelha com uma intensidade quase dolorosa. Espero. Os segundos parecem eternidades.
Ela demora para atender à chamada. Isso não é comum da parte dela. Bea é rápida, sempre atenta, sempre com o celular na mão. Esse atraso me deixa alerta. A linha finalmente se conecta.
“Oi? Alô?” A voz dela surge do outro lado, ofegante, com um tom abafado.
“Sou eu, minha gatinha,” digo, apertando os olhos, tentando ouvir além do que é dito. “O que está acontecendo aí?”
No fundo, ouço um estrondo — algo caindo no chão. Um barulho seco que ecoa alto demais. Minha mente já começa a correr por possibilidades. O que Bea está aprontando na fazenda