CAP-16

O sol já estava alto quando Fellipo finalmente se levantou do sofá. A cabeça latejava, o corpo pesado, e o gosto amargo do uísque ainda estava na boca.

Ele foi até a pia, jogou água no rosto e se encarou no espelho.

Olhos vermelhos. O maxilar travado.

Parecia um fantasma.

Pegou o celular e viu as notificações: nenhuma mensagem de Cecilia.

Ela realmente tinha desistido dele.

Ele apertou o aparelho com força, os nós dos dedos ficando brancos. Parte dele queria que ela mandasse pelo menos um insulto, que gritasse com ele, que o xingasse por tudo que fez.

Mas ela estava em silêncio.

E isso doía mais do que qualquer coisa.

Ele saiu do apartamento, sem se importar com a ressaca, e foi direto para o galpão da máfia.

Passou o dia inteiro espancando quem devia para a Trindade, descontando toda a raiva acumulada. Quando a noite caiu, ele estava coberto de sangue — nenhum dele próprio.

Mas a dor interna ainda estava lá.

Fellipo dirigiu sem rumo pela cidade, até que, por reflexo, parou na frente
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