Scarlett
Acordar não foi como nos filmes. Não houve luz súbita, nem suspiros dramáticos, nem revelações imediatas.
Foi lento. Doloroso. Como sair de um sono profundo depois de ter corrido quilômetros em sonho. Meus olhos pesavam. Meu corpo parecia feito de ferro. Mas havia algo novo. O som.
A vida ao meu redor voltava em pedaços, bipes ritmados, passos apressados, vozes abafadas. Uma mistura de presente e passado ecoando em minha mente cansada.
Minha primeira consciência real foi o cheiro.
Sabia exatamente o que era: o cheiro de Dimitri. Amadeirado, quente, seguro. E era ele quem segurava minha mão. Tentei apertar os dedos. Consegui. Tentei abrir os olhos. Demorou.
Mas então a luz me atingiu. Uma fresta suave de sol passando pela janela, me tocando o rosto. Franzi os olhos, piscando devagar, até que finalmente consegui manter as pálpebras abertas por mais de alguns segundos. E a primeira coisa que vi foi ele.
Dimitri estava sentado ao meu lado, com os cotovelos apoiados, na m