Os dias passaram voando e lá estava eu indo buscar Thomas em minha casa para irmos ao shopping comprar nossas coisas. Ele já estava completamente adaptado com a nossa rotina e já tínhamos combinado que assim que essas coisas do meu pai finalmente acabassem, iríamos ver as gravadoras.
Chegamos ao nosso destino e fomos logo tratando de almoçar, para bater perna depois. Decidimos começar pela roupa dele, por ser mais “fácil”, mas foi o oposto disso. Toda vez que ele experimentava um terno, dava algum defeito. Ou era grande demais, ou a gravata não combinava, ou o botão era estranho...
Enfim, só para encontrar sua roupa levaram quase duas horas. Quando fomos procurar algo para mim, Thomas já veio pra cima, dizendo que queria ir para casa e eu sempre o lembrava do tempo que tinha perdido com ele, então ele teve fazer bico e aceitar.
Era completamente engraçado ver um homem nem um pouco acostumado a esse universo feminino, muito menos com Los Angeles. Era até bonitinho ter que explicar certas coisas para ele. Acabamos as compras, fomos tomar sorvete e voltamos para casa. Thommy quis voltar dirigindo e até que ele me surpreendeu – não tenho o costume de entregar meu bebê nas mãos de qualquer um. Assim que chegamos, cada um foi para seu quarto se arrumar.
***
Hoje ia ser um dia bem importante para a Kristie. Ela reencontraria Michael e veria o que faria. Sinceramente? Não gostava dele. Eu até poderia não ser apto a um relacionamento, mas o que não suportava era isso. O cara tinha a mulher dos sonhos e simplesmente fica com outra, deixa a sorte passar. O que me deixava pior ainda era saber que Kristie estava duvidando de si mesma. Ela não tinha espelho não? Enfim, eu tentaria mostrar que ela não precisava disso, e sinceramente tentaria mostrar que Michael não era o cara certo para ela.
Meu banho foi mais demorado do que previ e comecei a correr quando a mãe de Kristie bateu em minha porta, avisando que eles estariam indo na frente. Tá, dar nó em gravata deve ser fácil. Primeira, segunda, terceira. Argh! Pra que isso? Desisto. Coloquei a calça e a blusa por cima e fui até o quarto da frente.
com uma lingerie preta. “Sua irmã, sua irmã.” Era um mantra.
– olhei para baixo e vi que tinha pulado um botão. Kristie arrumou tudo em dois segundos e pegou a gravata da minha mão. – Abaixa seu pescoço aqui que mesmo com salto continuo infinitamente mais baixa que você.
Prontinho. – ela beijou minha bochecha.
Kristie dirigiu um tempinho até chegarmos a uma grande casa de festas. Tudo parecia estar bem elegante. Kristine deixou o carro com o manobrista e fomos em direção ao salão. Um dos repórteres tirou uma foto dela e pediu para tirar uma nossa. Não vimos nenhum problema e tiramos. Depois de andar um pouco, finalmente chegamos à festa. - que estava bem cheia. Ela tinha razão; eu, ela e metade da festa combinavam de preto. As mesas eram bem localizadas, perto do palco. Muitos garçons serviam bebidas e aperitivos enquanto outra parte servia um jantar. Tudo ali era muito formal. Fomos direto cumprimentar seus pais e tentar procurar uma mesa. Kristie me acomodou e saiu, indo na direção de algumas pessoas. A homenagem que prestaram para John não demorou muito e a família Thrue já se localizava no palco para os aplausos e fotos. Não tinha percebido o quão o sorriso dela era bonito. Quando Kristie esquecia aquelas preocupações, ela conseguia ser ela mesma. Assim que todas as homenagens foram finalizadas, Kristine voltou ao meu lado, revelando que o pai de Michael estava lá - e acabei descobrindo que John e ele trabalhavam juntos. Com isso, andamos pelo salão de festa de braços dados enquanto pegávamos uma bebida. Ela queria que o pai dele nos visse juntos e eu aceitei.
Quando completaram duas horas que estávamos na comemoração, nos despedimos e fomos para a tal boate. Kristie estacionou o carro, passou batom vermelho e soltou seus cabelos. Estava bem diferente.
Logo de cara e pela música, senti falta do meu bom e velho Pub. Não que não seja bom dançar, mas entre ficar com meu copo de cerveja e os amigos para estar em uma balada... Nem preciso dizer mais nada. A boate estava a todo vapor, com várias luzes de inúmeros tipos de cores, fumaça e puffs. O bar era localizado bem à frente e as pessoas se amontoavam para dançar perto do ar condicionado. Já não fui com cara de metade daqueles garotos com cara de que tinham dinheiro. Escutei um berro estridente e senti Kristie sendo afastada de mim.
beijei.
Instintivamente ou não, Kristie enfiou suas mãos em meu cabelo, enquanto eu explorava seus lábios vagarosamente. Eu não pretendia beijá-la, mas assim que percebi que aquele cara era o Michael, senti uma necessidade gigantesca de protegê-la, de agarrá-la e dizer que ela estava comigo – mesmo que fosse de mentira. Uma das mãos de Kristie foi para meu rosto, acariciando de uma forma que nunca tinha sentido. Aquela eletricidade percorreu meu corpo de uma forma que eu não conseguia parar; e também não queria, mas os nossos pulmões gritavam por ar. Terminei aquele beijo com um selinho demorado e encostei minha testa na dela.
***
Nunca esperaria essa reação de Thommy. Nunca mesmo. Eu não consegui levar o beijo de uma forma leviana, ou de brincadeira. No início, Thomas apenas brincava com meus lábios, de uma forma mais superficial, até eu me segurar nos ombros dele e me aprofundar um pouco mais. Correspondi como se não
tivesse fim. Não escutava mais a música ou qualquer coisa ao nosso redor. Eu gostei daquela paz e gostei de tê-la ao lado do Thommy.
O beijo não passou despercebido das pessoas que estavam na boate, principalmente aquelas que sabiam que eu e Michael éramos namorados há poucos meses atrás. Assim que Thommy finalizou o beijo, seus lábios estavam avermelhados. Eu não parava de sorrir e gargalhar. Não por eu estar bêbada, mas por estar feliz.
Nós dois continuamos no meio da pista, dançando, olhando um para o outro, mas não nos beijamos mais. Pelo que percebi, Michael foi embora um pouco depois que eu e Thommy fizemos o nosso “show particular”.
Meu relógio informava que já era mais de duas horas da manhã. Sussurrei no ouvido dele que queria ir embora e lhe entreguei a chave do meu carro. Já estava vendo muitas pessoas duplas e triplas, luzes estranhas e do teto girando um pouco. Thommy me colocou no carro e só senti o vento batendo no meu rosto.