3º capitulo

Um ano depois...

 Querido diário, não pense mal de mim se por ventura eu não escrever mais em você, mas é que ultimamente estou me sentindo um pouco sem tempo, tenho olhado suas páginas que antes eram minhas amigas, como se elas fossem um trabalho, algo que eu deva fazer, quase como uma obrigação e definitivamente tenho percebido que odeio ser obrigada a fazer alguma coisa, prolonguei minha estadia nos Estados Unidos, vim para lançar meu livro e acabei me apaixonando pelo povo daqui, mandei uma carta para meu irmão explicando que prolongaria minha viagem, e confesso que apesar de saber que ele está fazendo muito sucesso com a banda e quase não ter tempo para mim, me sinto um pouco culpada por tê-lo deixado sozinho, mas hoje é meu aniversário de 15 anos, a editora vai organizar uma festa para mim, me tornei conhecida, uma escritora renomada e famosa aqui em Nova Iorque, é tão mais fácil fazer sucesso no exterior, aqui não tem ninguém em cima de você bisbilhotando na sua vida e você não é apenas o que está nas revistas, eles querem ouvir sobre você, saber quem você realmente é, e isso é bom, me sinto acolhida aqui, porém melhor que ninguém você sabe que eu sinto muitas saudades de casa e dele é claro, por mais que ele tenha me machucado, ainda penso nele com carinho, ele foi o primeiro garoto por quem senti algo, foi a pessoa que me fez desabrochar para vida, devo muito a ele e por isso é que já me decidi, depois da festa, vou pegar minhas coisas e voltar para o Brasil, está na hora de voltar para casa, está na hora de voltar para a vida de Suélem de antes, espero apenas que eu não me arrependa, querido diário, deseje-me sorte”!

Suélem fechou o diário e voltou o rosto para porta onde o Editor lhe olhava sorrindo, ele vestia um lindo Smoking, Suélem nunca tinha visto o senhor Aurélio tão bonito.

 - E então como estou?

- Um verdadeiro príncipe.

- Ótimo, por que queria mesmo estar à altura de uma princesa!

Ele alcançou a mão para Suélem que a aceitou fazendo uma graça, ele a conduziu pelas escadas até o salão, havia muitas pessoas em sua festa, Eduardo, porém mandou um telegrama dizendo que não poderia ir, pois estava com dois show marcados para aquela data, ela entendeu, ele já tinha dedicado tanto do seu tempo a ela que agora ela queria que ele vivesse, ela deslizou pela pista, divertiu-se como nunca, aproveitou cada momento, deu algumas entrevistas e foi dormir muito mais tarde do que pretendia.

Enquanto isso no Brasil...

Érika caminhou em silêncio olhando para os próprios pés, tinha se tornado uma pessoa fria, usava mais preto do que de costume, não por algum estilo pessoal, mas por simplesmente não sentir vontade de sair para comprar roupas novas, ela sentou-se ao lado da lápide e começou a organizar as flores.

- Oi meu amigo, hoje faz um ano... Um ano que você se foi e até agora eu não consegui entender por que você me deixou, ainda assim queria te dizer, acho que ficaria feliz ao saber que Gabriela está no ultimo ano da escola, assim como eu, porém ao contrario dela que já decidiu seu curso na faculdade eu, porém não sei o que vou fazer da minha vida, não se preocupe comigo, por favor, é que é tão complicado decidir, sempre gostei de coisas aleatórias e agora chegou o momento de decidir e não me sinto pronta para tomar a decisão que irá mudar minha vida para sempre... Há Pedro, queria tanto que você estivesse aqui.

Ela terminou de organizar as flores e se levantou massageando os joelhos, nessa hora ouviu uns passos atrás de si e se virou rapidamente, o cemitério não era exatamente um lugar seguro para se ficar sozinha, porém vinha tantas vezes ali que já estava começando a se acostumar com a movimentação do lugar, aquele dia porém se assustou, virou-se rapidamente e viu seu coração dar um salto ao perceber a presença de alguém bem atrás dela.

- Finalmente conheci a pessoa que arruma o túmulo de meu irmão.

O rapaz na sua frente estendeu a mão para Érika, ela observou a mão estendida e depois estreitou os olhos.

- Irmão?

- Desculpa não me apresentei, meu nome é Henrique, sou irmão mais velho de Pedro.

- Sei... O idiota que abandonou ele sozinho e não teve tempo nem de vir no velório dele.

Nessa hora Henrique recolheu a mão percebendo que não era querido por ela.

- Calma, não é assim também... Eu perguntei a ele se eu podia ir, ele me disse que eu não devia perder a oportunidade, disse que ficaria bem e que torcia por mim.

- Seu irmão tinha depressão, escreveu para você, ligou várias vezes, você nem ao menos veio visitá-lo.

- Não era tão fácil ir e vir dos Estados Unidos, eu quero dizer, tem esse negócio de visto é...

- Não invente desculpas, ele era seu irmão! Nada justifica sua ausência! Tudo que ele teve no velório foi alguns curiosos e nós os amigos dele.

- Você quer dizer você...

Érika abaixou a cabeça lembrando-se que foi a única a ir no velório, Laura conhecia Pedro muito pouco, Gabi não tinha com quem ir, Stef não estava se sentindo bem... E a turminha da escola, bom nunca foram seus amigos de verdade.

- Ele tinha mais amigos... – Mentiu, mas Henrique pareceu perceber.

- Tudo bem, como queira acreditar, meu irmão era solitário, eu sei disso e também sei que errei com ele e negligenciei a doença dele, achei que ele ficaria melhor sem mim por perto e agora sou eu que não posso tê-lo por perto, fui um idiota, como você mesmo disse, mas fico feliz de saber que ele tinha você, tenho te acompanhado há algumas semanas e vejo que sempre vem até aqui, realmente devia ser uma grande amiga dele, quanto aos outros se fossem amigos de verdade não teriam feito ele se matar.

- Por que voltou afinal de contas?

- Herança, fui chamado ao Brasil, sou o único herdeiro vivo de tudo que meus pais deixaram.

- Há... Como se não fosse de se esperar, o dinheiro aproxima pessoas como você.

Ele riu a contra gosto e depois fechou o rosto com raiva.

- Não haja como se me conhecesse, não sou desse tipo.

- Então não se comporte como se fosse.

Ela cruzou por ele e seguiu pelos túmulos e o deixando para trás, Henrique pensou em segui-la confrontar suas ideias e pensamentos sobre ele, mas ele sabia que teria muitas outras oportunidades, pelo menos enquanto não vendesse a casa do condomínio.

Em São Paulo...

- Tiago acorda... – Sebastien deu um tempo para ele voltar à realidade, mas percebeu que Tiago estava mais para lá do que para cá, então o empurrou da cama. – Tiago, levanta!

Kurt se levantou do chão em um salto.

- O que houve? Caramba! Nossa que tombo, vai ficar marcado.

Sebastien revirou os olhos e cruzou os braços.

- Temos uma entrevista em pouco tempo, consegue se recuperar?

- Sim, acho que sim... Esses shows estão me matando.

- Acredite não é o único, estou morto, papai fez uma bebida energética pra nós, você vai querer?

- Aceito qualquer coisa que me deixe mais acordado.

Os shows eram diários, shows, entrevistas, propagandas, a banda parecia ter estourado de vez, os sucessos tocavam tanto na rádio que Tiago já estava ficando irritado com a própria voz, ele engoliu a batida que Seven havia feito e lavou o rosto com água gelada, enquanto isso ouviu que no andar de baixo Seven recebia os repórteres, ele estava sendo um excelente empresário, isso Tiago não podia negar, os dois não falavam muito sobre a relação de pai e filho, as conversas se limitavam em, música, banda e shows, dicas de som eram aceitadas também, mas nada além disso, Chuck era quem tinha se aproximado, Tiago sabia que ele ficava levando informações dele para Lílian, mas não se importava mais com isso, não tinha conseguido perdoá-la, mas também não estava aceitando o fato de Seven ser seu pai e mesmo assim tinha aceitado se mudar para mansão então por que não passar algumas informações despercebidamente para ela também? No fundo depois de ouvir umas mil vezes a história dela, Tiago tinha começado a sentir pena da pobre mulher, mas ainda assim não estava pronto para chamá-la de mãe, isso não, isso nunca, sua mãe era e sempre seria Catherine Vagoll, por falar em Vagoll... Por onde andaria Érika? Depois do beijo deles no ano anterior, eles não tinham se falado muito, na verdade eles tinham tentado voltar ao que era, Tiago tinha ligado algumas vezes, ela tinha ligado outras, mas agora fazia mais de três meses que nenhum dos dois mandava um “oi” sequer, talvez eles estivessem evitando o inevitável, uma hora teriam que falar sobre o assunto, mas por enquanto nenhum dos dois  queria iniciar a conversa.

A banda agora era formada por Tiago, Sebastien, Eduardo e Yuri, ele tinha entrado na banda como baterista no lugar de Chuck que tinha quebrado um galho para eles quando Érika precisou voltar para o Rio de janeiro, Yuri era filho de Afonso e Liane, amigos de longa data de Seven, Afonso inclusive tinha tocado na banda de Seven e Liane tinha sido muito amiga de Lílian, Yuri era bastante calado, mas aos poucos estava começando a se misturar, agora passava boa parte do tempo na casa de Seven, às vezes Seven olhava os rapazes ensaiando a se lembrava do seu tempo de banda, era tão estranho, parecia que as coisas estavam se repetindo, dois irmãos, dois amigos... Só faltava alguma garota aparecer e acabar com tudo, como tinha acontecido com eles, ele esperava que isso demorasse muito.

- Então garotos, banda no auge, shows fervendo pelo país e com propostas de turnê no exterior, alguma vez vocês sonharam com isso?

- Não. – A resposta foi unanime seguida por risadas ao perceberem, que tinham falado juntos.

- Entre tantas perguntas que tenho para vocês, obviamente a mais pedida pelos fãs é o relacionamento, então quem quer começar?

Yuri era o único comprometido namorava com Melinda fazia uns cinco anos já, Eduardo continuava solteiro assim como Sebastien e Tiago.

- Nenhum namorico, nadinha?

- Há sempre rola algumas coisas nos bastidores, alguns olhares, beijos, amassos... Mas nada sério não. – Quem respondeu foi Tiago rindo.

- Ah finalmente era exatamente ai que eu queria chegar, ficamos sabendo sobre isso, então rola ficada com fã? Elas podem ter esperanças?

Eles se olharam e deram de ombros, foi Sebastien quem respondeu.

- Se a garota for legal, não tem por que não dar uma chance, esse lance de fã e coisa não faz muito sentido, afinal se a gente arrumar uma namorada de qualquer forma ela vai acabar virando fã da banda por que vai acompanhar a gente pra todo lado.

- E o que vocês avaliam mais na hora da paquera? – A pergunta foi dirigida há Sebastien primeiro que era quem tinha respondido a pergunta anterior, ele pensou um pouco antes de responder.

- Sem dúvidas o papo, gosto muito de conversar, me apaixono por olhares marcantes e sou bem romântico quando estou a fim, típico libriano.

A repórter começou a rir e depois passou o gravador para Eduardo.

- Não sou libriano e não acredito em signos, acho isso coisa de gente fresca, mas se conta para alguma mulher sou de escorpião, assim como o Sebastien eu aprecio uma boa conversa, gosto de mulheres seguras com uma visão de vida formada, que pensem no futuro, quanto à aparência, sempre fui mais chegado às morenas, nada contra as loiras, mas as morenas me atraem com mais facilidade.

Aquela sem dúvidas foi à resposta mais longa que Eduardo já tinha dado na vida, normalmente ele não era tão especifico, porém hoje ele estava disposto a falar, ao contrario dos outros rapazes ele não estava nem um pouco cansado, aquela agitação da banda o tinha deixado muito mais animado, era como se o cansaço recarregava as suas energias e não o contrario.

Tiago foi o último a responder.

- Tenho uma péssima fama, eu absolutamente não resisto a uma mulher bonita, me julguem se quiserem, mas sou incapaz de escolher apenas uma, sem essa de loira ou morena, ou ruiva ou aquela que tem um bom papo, mulher é sempre mulher e todas são maravilhosas.

A repórter começou a rir, Tiago não mencionou o signo, mas ele era o típico sagitariano, a liberdade era seu bem mais precioso e não ele e não estava disposto a ficar preso com alguém, talvez fosse por isso que ele tinha afastado Érika, por que ele sabia que com ela isso nunca daria certo, com ela ele poderia até desistir da sua liberdade.

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