O carro preto seguia pela estrada de terra batida, contornando os cafezais floridos que dançavam com o vento. O céu estava limpo, mas no coração de Rafaella o clima era denso de lembranças. Matheus, agora com três anos, dormia tranquilamente no banco de trás, e Santiago mantinha as mãos firmes no volante, os olhos atentos ao caminho.
Ela encostou a cabeça no vidro da janela e viu o casarão surgir ao longe. O mesmo onde um dia ela chegou grávida, com o coração despedaçado. E de onde fugiu às pressas, temendo que seu filho crescesse preso em um mundo que só causava dor.
Agora, voltava com Santiago — seu companheiro, o pai que Matheus reconhecia, o homem que lutou por ela e por aquela criança desde o início. Mas, mesmo assim, o peso da história que viveu ali não se apagava com o tempo.
— Está tudo bem? — Santiago perguntou, sem desviar os olhos da estrada.
Rafaella demorou alguns segundos para responder. Depois assentiu com um leve sorriso.
— Estou pronta… acho que nunca estaria de verda