Cap.81
O silêncio no banheiro reluzente era pesado, carregado pelo cheiro de desinfetante e pelo perfume de um homem de quase dois metros que me trata como se eu fosse algo frágil e fácil de quebrar.
Meus músculos doíam da esfrega constante e dos vários banheiros que fui colocada para lavar, mas era uma dor anestesiada pela visão de Adon, de costas para mim, enxaguando o rodo com uma eficiência absurda e, de alguma forma, profundamente atraente.
A camisa de seda, agora manchada de umidade nos ombros, colava-se às suas costas largas a cada movimento.
Ele terminou, sacudiu as mãos e virou-se. Seu sorriso era de um cansaço genuíno, nada daquelas expressões calculadas de sempre.
— Pronto. Agora sim dá para se ver refletido no chão — ele disse, a voz um pouco rouca.
Eu ri, o som saindo cansado, mas leve.
— Você é um fenômeno.
Ele se aproximou, e meu coração, traidor, acelerou. Em vez de me tocar, foi até um armário alto, puxou uma camisa nova, ainda embalada, e um pano úmido.
— Para se li