Cap.102
O dia de trabalho havia sido um exercício de normalidade forçada. Cada tarefa, cada clique no mouse, cada sorriso educado para um colega era uma camada de gesso sobre a rachadura que percorria seu mundo. Adon estava ausente. Uma ausência que pesava no ar do Grupo Felix mais do que sua presença imponente jamais pesara. Selene sentiu o vazio como uma atração gravitacional perigosa, um desejo tolo e urgente de verificar se ele estava realmente ali, inteiro, depois do fiasco doloroso (e cômico) da manhã anterior.
Axel, encontrando-a no corredor perto do fim do expediente, leu a inquietação nela como um livro aberto. Com um suspiro que era meio exasperado, meio protetor, ele inclinou-se e murmurou:
— Passou o dia procurando e esperando ele?
— Claro que não! — negou, suspirando com um sorriso desconcertado.
“Vai lá ver ele, você não tem acesso ao apartamento. Ele não vai admitir, mas ficou remoendo o dia inteiro. Só não espere que ele receba você com flores. O pau de um homem ainda