O vídeo mostrava claramente a sala de reuniões da diretoria da empresa, e dava para ver que havia sido extraído das câmeras de segurança.

Na sala estavam apenas três pessoas. Aidan, Seraphina e o Alfa King.

Apesar do vídeo não ter som, eu reconheci a folha branca nas mãos de Aidan. Era o acordo de divórcio que eu tinha enviado para o Alfa King no dia anterior.

Aidan estava de pé, imóvel, apenas olhando fixamente para o papel nas mãos.

Passados alguns minutos, ele rasgou o documento e começou a gritar com o Alfa King. O Alfa apenas bateu no ombro dele e se virou para sair.

Seraphina, que estava atrás dele com uma expressão visivelmente péssima, finalmente sorriu. Ainda assim, assumiu um ar preocupado e tentou tocar o ombro de Aidan.

Assim que encostou a mão nele, Aidan explodiu. Empurrou tudo da mesa no chão, derrubando uma xícara de café quente. Seraphina conseguiu se esquivar a tempo, mas o vestido branco dela ficou manchando com os respingos.

Aidan não fez o menor esforço para evitar o líquido quente e deixou que o café queimasse seu antebraço, andando de um lado para o outro pela sala, visivelmente agitado.

De repente, pareceu receber alguma notícia. Pegou o celular rapidamente e começou a mexer com ansiedade. Esse movimento durou vários minutos.

Até que, por fim, ele soltou os braços, derrotado. Seraphina o abraçou por trás, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele atirou o celular contra a televisão. Seraphina se assustou com a reação, ficou imóvel, atordoada, sem saber o que fazer.

A tela se estilhaçou completamente, espalhando pedaços pelo chão.

Seraphina estava atrás dele, com os punhos cerrados de raiva.

Aidan virou-se lentamente e caminhou em direção...

O vídeo terminou ali. Mas eu já sabia que a cena iria acabar com ele se desculpando com um olhar arrependido, os dois se reconciliando como se nada tivesse acontecido, e continuando o mesmo show nojento de sempre.

Saí do vídeo e mandei uma mensagem para minha colega de trabalho. Agradeci e desejei sucesso na carreira dela.

No terceiro dia após minha chegada ao país M, eu já tinha me ambientado bem com a região.

Quando me preparava para sair, meu celular tocou com uma ligação de um número desconhecido.

Como meu número era novo, e só Kieran sabia, pensei que fosse alguma propaganda chata e desliguei.

Mal abri a porta e dei de cara com Aidan segurando o celular. Minha boa disposição sumiu na hora. Não faço ideia de como ele descobriu onde eu estava. Só sei que ele era, definitivamente, a última pessoa que eu queria ver.

Ao notar que eu iria fechar a porta, ele rapidamente se posicionou à frente, segurando a fresta mesmo com o risco de prender os dedos.

— Liora, por quê? — Com a voz rouca, perguntou.

— Nós já rompemos o nosso laço de companheiros. Me deixa em paz. — Apesar de surpresa com a presença dele, respondi com calma.

Ao ouvir isso, ele forçou ainda mais a mão na porta.

— O rompimento de laço exige o consentimento dos dois. Quando foi que eu concordei? — Ele soltou um sorriso sarcástico.

Na hora, pensei que talvez tivesse algo errado com os papéis do divórcio. Mas logo me lembrei do vídeo. O Alfa King é a maior autoridade, e aquele documento tinha a assinatura de Aidan, era como preto no branco. Não havia erro.

Mesmo sendo um alfa, ele não pôde desobedecer uma ordem do Alfa King. Então por que veio até aqui?

Não fiz essa pergunta. Só o encarei, achando graça da sua insistência absurda.

— Não concordou? Então por que assinou? — Perguntei. — Se assinou, é porque concordou.

Aidan ficou sem palavras, apenas soltou um "você..."

— Liora, eu não fiz nada de errado! Quem te deu o direito de romper o nosso laço? — Soltou a frase entre os dentes com a sobrancelha franzida.