SABRINA  PRIMEIRA MULHER
SABRINA

(A Primeira Atacada)

PELO PONTO DE VISTA DE SILVÂNIA

A lua daquela noite parecia uma lâmina pendurada no céu.

O tipo de lua que não ilumina: fere.

Já senti-la subindo atrás das nuvens me dava arrepios na espinha —

não de medo, mas de antecipação.

Eu lembro de Sabrina pelo cheiro primeiro.

Cheiro de metal quente, perfume barato e arrogância.

Um cheiro de quem caminha pela vida como quem atravessa uma multidão segurando uma faca.

A francesinha tinha algo que poucas mulheres têm:

prazer em matar.

Não matar por defesa, vingança ou impulso —

matar por esporte, por arte, por fome emocional.

Eu a encontrei em Paris, caminhando sozinha, elegante,

como um felino que acabou de comer suas presas e ainda lambe os dentes.

O vento trouxe o cheiro de sangue dela como um convite.

— Ela. — Eu murmurei.

Os outros da matilha ouviram.

Não precisávamos de palavras quando o instinto já grita por nós.

Sabrina caminhava sem pressa, como quem confia demais na própria escuridão.

Era bonita, c
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