Nesta manhã, quando a luz suave de Arret tocou o véu transparente das moradas, algo diferente aconteceu.
Antes que as consciências despertassem por completo, antes que os olhos se abrissem para o novo dia eterno, uma onda de lembranças atravessou suavemente todos os que já viveram na Terra — como se o próprio tecido do cosmos tivesse decidido cantar.
E assim, espontaneamente, uma voz começou a entoar:
Lembranças da Terra eu tive,
lembranças de tanta gente...
Era como se o coração do próprio mundo tivesse decidido falar por meio de um só habitante — e o canto se propagou para todos os que estavam próximos, vibrando, ecoando, fazendo emergir memórias há muito adormecidas.
E a canção continuou, agora com mais força, mais dimensão, mais verdade:
Lembranças da terra eu tive,
de maioral a indigente.
Lembranças da terra eu tive,
lembranças da minha gente...
Lembranças da terra,
da dor, da cor, da guerra,
da fera, da esfera,
da vida que se encerra...
À medida que essas