Melia não conseguiu dormir.
Depois que Beatrice saiu do quarto, a jovem ficou encolhida no chão, abraçando os próprios joelhos com força. O coração martelava em um ritmo que parecia não desacelerar nunca, seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, e mesmo quando o corpo implorava por descanso, sua mente não permitia. As lembranças voltavam, como lâminas afiadas: sua mãe, o rosto cansado dela, as noites de fome, os momentos de medo, cada detalhe era como um punho socando sua alma. Tudo havia mudado tão rápido, e ela não tinha mais sua mãe para protegê-la.
A madrugada se arrastou tão devagar que parecia que nunca ia acabar, o vento batia contra a janela, trazendo o frio para dentro do quarto, mas o que mais gelava Melia era a sensação de que estava sendo observada. Vez ou outra, olhava para a porta, como se Beatrice pudesse surgir de novo, dessa vez para cumprir sua ameaça.
Quando a claridade começou a se infiltrar pelas frestas da cortina, ela ainda estava acordada, os ol