Walter arqueou a sobrancelha, fingindo surpresa, mas o sarcasmo jamais deixava o rosto.
— Nesse caso, vai ter que aguardar. Sua esposa está ocupada. Trabalhando. Exercendo com dedicação o cargo de relações públicas. — Fez uma pausa teatral antes de acrescentar:
— Está cuidando de um grande evento. O lançamento de nosso novo cosmético.
Fernando sentiu o sangue esquentar, mas controlou-se.
— Então vou esperá-la na recepção.
Walter riu, baixo e provocativo, dando alguns passos em sua direção.
— Por que não me acompanha até minha sala para uma bebida? Podemos relembrar os velhos tempos. Enquanto isso, mando alguém avisar Bianca de que o marido a aguarda.
Fernando estreitou os olhos. Não queria, não confiava. Mas, no fundo, sabia que precisava de algo para acalmar o turbilhão em sua cabeça. E álcool, talvez, fosse a válvula de escape momentânea.
— Aceito a bebida. — A voz saiu grave, firme.
— Mas não se engane, Walter. Nós não somos mais amigos. Então, não há nada para relembrar