Capítulo 3
Minha situação era crítica.

O médico, sabendo que eu não tinha tempo a perder, pediu o número de Aurelio e ligou imediatamente.

— Alô, é o Sr. Aurelio? Cecília Costa está em estado de emergência, prestes a dar à luz. Seria possível liberar alguns materiais para o parto?

Aurelio respondeu, furioso:

— Cecília! Você é mais esperta do que eu pensava. Não só escapou do porão, como também encontrou alguém para ajudá-la!

— Escute bem, não importa o truque que você use, eu não cairei nessa de novo! Eu te conheço, você não correria perigo!

— Quantas vezes eu já disse que não vou abandonar meu próprio filho? Depois que Ursula der à luz, será a sua vez. Por que tanta pressa?

O médico continuou a implorar a outras pessoas no hospital, mas Aurelio já havia dado uma ordem final: nem um único analgésico deveria ser cedido.

Do outro lado da parede, ouvi as palavras frias de Aurelio.

— Nada pode acontecer com Ursula. Não importa quem precise de recursos médicos, todos terão que esperar até que Ursula dê à luz em segurança!

Caí no chão, desesperada, mas meu olhar de repente encontrou o de um homem na porta.

Era o secretário de Aurelio.

Ele arregalou os olhos, chocado, como se não tivesse certeza da minha identidade.

Assim que eu estava prestes a falar, vi-o correr para o quarto ao lado.

— Sr. Aurelio, há uma gestante no quarto ao lado, e ela se parece muito com a sua esposa.

Aurelio fuzilou o secretário com o olhar.

— Impossível. — Ele afirmou. — Se fosse realmente ela dando à luz, ela conseguiria ficar quieta no quarto ao lado? Já teria corrido aqui para brigar comigo pela herança.

O secretário hesitou, mas insistiu:

— Mas ela realmente se parece com a Sra. Cecília. Ela está coberta de sangue, e o bebê está em perigo.

Aurelio perdeu a paciência.

— Eu disse que é impossível! Ela é obcecada por limpeza, troca de roupa por qualquer sujeirinha. Como ela se sujaria de sangue da cabeça aos pés? Você deve ter se enganado.

O médico ainda se esforçava, tentando conseguir um rolo de ataduras, mas Aurelio o ameaçou diretamente com seu cargo.

O médico, impotente, voltou para o meu lado com uma expressão de desculpa.

Tentei dizer a ele para não se preocupar, mas minha visão estava turva e eu mal conseguia enxergar.

As vozes da equipe médica foram se distanciando.

— Perda excessiva de sangue... É muito grave...

— O coração do feto parou!

— Rápido, reanimação!!

Eu queria rezar, queria gritar, mas nenhum som saía da minha garganta.

Tudo o que eu podia fazer era observar, impotente, as figuras borradas se movendo ao meu redor.

Minha mão repousou fracamente sobre minha barriga, de onde senti um último e fraco chute.

Uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho.

"Desculpe, meu amor, a mamãe não conseguiu te proteger."

Então, a escuridão me engoliu por completo.

***

Aurelio esperava ansiosamente do lado de fora da sala de parto de Ursula.

Assim que a porta se abriu, ele correu para a cama dela e pegou o bebê recém-nascido.

— Ele é a sua cara. — Sussurrou ele. — Tão lindo.

Depois de dizer isso, ele hesitou por um momento.

Com quem o filho de Cecília se pareceria?

Se fosse uma menina, provavelmente se pareceria mais com ela, e certamente seria ainda mais bonita.

O pensamento passou como um relâmpago.

Aurelio cuidou dos trâmites médicos e se virou para sair da sala de parto.

Ursula já havia dado à luz; era hora de buscar Cecília e trazê-la para o hospital.

Ele deu de cara com seu secretário parado na porta e perguntou, irritado:

— Por que você ainda está aqui? Vá para casa e traga Cecília para o hospital.

O secretário não levantou a cabeça.

Ele permaneceu imóvel, tremendo da cabeça aos pés.

Quando a paciência de Aurelio estava se esgotando, ele finalmente falou.

— A senhora... e o bebê... Eles estão mortos!
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