A casa do reverendo Carlson estava iluminada por uma luz suave, e o fogo na lareira estalava com um calor acolhedor. Mary e Lisa estavam sentadas no sofá, enquanto o reverendo Carlson preparava o chá, seus olhos firmes e decididos, como se já tivesse tomado uma decisão. A conversa que estava prestes a acontecer seria, sem dúvida, um divisor de águas para todos os envolvidos.
Logo, os rapazes chegaram. León e Joseph entraram na sala, ambos com expressões sérias, mas com um toque de expectativa nos olhos. O reverendo os cumprimentou com um aceno de cabeça e os convidou a sentar-se à mesa. Mary e Lisa trocaram um olhar rápido, cada uma com seus próprios pensamentos, mas ambas sabendo que esse seria o momento de suas vidas mudarem. O reverendo olhou para os dois rapazes, então para as jovens e, com um suspiro, iniciou a conversa. — Como todos sabem, Willow Creek está crescendo, e as oportunidades na cidade estão se expandindo. O dono da fábrica local, que é um amigo de longa data, fez uma proposta. Ele está oferecendo um emprego bem remunerado para ambos — começou o reverendo, com a voz grave e ponderada. — Mas para que isso aconteça, é necessário um compromisso maior. — O que estou dizendo — o reverendo continuou — é que o casamento entre você e Lisa, León, e entre Mary e Joseph, será a base para a confiança do dono da fábrica. O emprego e a estabilidade na cidade serão garantidos, e, com isso, o futuro de vocês estará seguro. León, com o rosto iluminado por um sorriso, olhou para Lisa. Ele estava contente. — Eu aceito, reverendo — disse León com firmeza, sem hesitar. Lisa, com o coração acelerado e um sorriso radiante, não pôde esconder a felicidade. Ela olhou para León, segurou sua mão sobre a mesa e, com a voz suavemente emocionada, completou: — Eu também aceito, reverendo. Eu confio em León, e sei que nosso casamento será uma nova oportunidade para nós dois. Podemos construir algo bom juntos. O reverendo sorriu satisfeito, sentindo-se tranquilo com a decisão de ambos. Joseph e Mary estavam em silêncio até aquele momento. A tensão na sala estava palpável. Joseph sabia que, embora o casamento fosse necessário, não era o que ele esperava. Ele e Mary até se aproximavam, mas a ideia de um casamento forçado, ainda mais por conveniência, não era algo que ele desejava. No entanto, ele sabia que não havia muitas alternativas. A proposta do reverendo era uma oportunidade. Joseph olhou para Mary e, com um suspiro, disse: — Eu aceito, reverendo. Acho que, assim como León e Lisa, nós também devemos garantir o nosso futuro. Mary, por um momento, ficou em silêncio. Ela olhou para Joseph, sentindo uma mistura de emoções. Ela sabia que a proposta não era sobre amor, mas sim sobre estabilidade e segurança. — Eu aceito também, papai — Mary disse, com a voz baixa, mas decidida. — Se isso é o melhor para todos, eu aceitarei. O reverendo sorriu satisfeito, sabendo que, com os casamentos arranjados e os empregos garantidos, sua filha e sobrinha estavam agora mais protegidas do que nunca. Ele olhou para León e Lisa, que se abraçaram discretamente, e depois para Mary e Joseph, que se entreolhavam, mas sem o mesmo entusiasmo. Após a saída de León e Joseph, a casa do reverendo Carlson permaneceu silenciosa, a tensão ainda pairando no ar. Mary permaneceu sentada no sofá, os olhos fixos no fogo da lareira. Ela não conseguia afastar os pensamentos sobre o que acabara de acontecer, e a pressão que sentia sobre seus ombros parecia aumentar a cada segundo. O reverendo, observando sua filha com um olhar preocupado, finalmente quebrou o silêncio. — Mary, eu sei que isso não foi fácil para você. Mas você fez a escolha certa, minha filha. Com o casamento, você e Joseph terão estabilidade. Mary levantou os olhos para o pai, sentindo um nó apertado em seu peito. Ela sabia que ele fazia o que achava ser o melhor para ela, mas algo dentro dela parecia não se encaixar. Ela não queria viver uma vida de conveniência, não queria ser apenas parte de um acordo. — Pai... — Mary começou, a voz suave, mas carregada de emoção. — Eu sei que você acha que isso é o melhor para todos nós, mas... Joseph não me ama. Ele é apaixonado por Lisa. O reverendo a olhou, surpreso, um ligeiro franzir nas sobrancelhas. Ele sabia que a situação entre os dois nunca fora exatamente de paixão, mas não imaginava que ela tivesse essa percepção clara da situação. — Eu vejo nos olhos dele, pai. Ele olha para Lisa de uma forma que nunca olhou para mim. Ele a respeita, a admira... enquanto comigo, ele só vê uma solução para um problema. Eu não sou mais do que isso para ele. E isso... isso dói. — Mary... — ele disse com um suspiro. — O casamento é uma construção, minha filha. O amor pode vir com o tempo. Não é uma sentença de infelicidade. Eu tenho certeza de que, com o tempo, você e Joseph encontrarão uma maneira de ser felizes. Mary o olhou, a tristeza evidente em seu olhar. — Eu não sei, pai. Talvez eu tenha sido iludida por uma ideia de romance que não existe mais. O que sinto por Joseph não é o suficiente. Eu sinto que estou sendo empurrada para algo que não escolhi. E ele... ele não quer isso. Eu vejo como ele olha para Lisa. É ela quem ele deseja. Não sou eu. — Você tem razão em ser honesta com seus sentimentos, Mary. Eu não posso forçar o amor entre vocês. Mas o que posso fazer é garantir que você tenha um futuro seguro, e isso, minha filha, é o que mais importa agora. — Eu... vou tentar, pai. Vou tentar fazer o melhor. Mas, no fundo, sei que não será fácil. — Eu confio em você, Mary. Você sempre foi forte. E, no final, talvez o que você e Joseph precisam seja de tempo. O tempo sempre revela o que precisamos aprender. Mary assentiu, sentindo as palavras do pai reverberando em seu peito. Ela sabia que a vida seguiria conforme o destino que o reverendo havia traçado para ela, mas, no fundo, ainda havia um resquício de esperança. Talvez algum dia ela e Joseph pudessem ser mais do que simples parceiros de conveniência. Ela já o amava.