No dia seguinte, tive outra entrevista marcada e dessa vez eu iria. Por sorte, precisava pegar apenas um ônibus. Não criei muita expectativa, aliás, estava tentando não pensar em coisas boas, as perspectivas não eram nada favoráveis. Eu tinha muito conhecimento, sei administrar uma empresa bilionária, mas colocar isso no currículo? O que responder quando me perguntarem, como perdi tudo?
A vaga era de faxineira na sede de um dos maiores bancos brasileiros. O salário estava ótimo para a categoria, não era longe e aparentemente o serviço era fácil. Eu não tinha experiência, minha aparência deixava isso claro, mas podia aprender e foi isso que enfatizei. Saí sem uma resposta, mas com um pouco de esperança.
Na volta, consegui um lugar para sentar próximo à janela. Era estranho olhar para as ruas, as pessoas e perceber que agora morava ali. Parecia tão diferente da vida em São Paulo, uma sensação de que o dia tinha mais cores. Exceto por Ettore, ele ainda parecia cinza. Pensar nele sempre