ANYA DEVEREUX.
A tensão deles não é visível; é sentida. Profunda. Involuntária.
Quando ele ergue o rosto másculo para me ver começando a descer, algo profundo dentro de mim hesita perigosamente. Os olhos dele, sempre tão frios e endurecidos pelas guerras, pela raiva acumulada, pelo rancor não resolvido, suavizam visivelmente por um breve segundo revelador.
Não o suficiente para que qualquer outra pessoa presente percebesse a mudança sutil.
Mas eu percebo claramente.
Porque passei tempo demais estudando cada nuance daquele rosto, tentando prever humores, tentando me proteger.
Porque, por mais que eu não quisesse sentir absolutamente nada em relação a Orion, a verdade inconveniente é que sinto algo.
Não sei nomear exatamente o quê — não é amor, definitivamente não depois de tudo.
Mas é algo. Algo complicado e confuso que eu preferiria que não existisse.
Os olhos dele percorrem lentamente meu corpo, de cima a baixo — não com vulgaridade desrespeitosa, não como provocação calc