ORION DOMINUS.

O passado exige penitência.

Nenhuma palavra bonita devolve magicamente o que tirei dela.

Nenhum pedido de desculpas reconstrói aquela cabana.

Nenhum arrependimento apaga a memória daquele fogo que consumiu tudo que restava do homem que ela amou.

Dou alguns passos medidos para trás, criando distância, como se essa separação mínima pudesse impedir que algo irremediável escapasse da minha boca.

Sinto intensamente que, se permanecer mais um único segundo aqui, tão perto dela, vou acabar dizendo coisas que não deveria verbalizar — coisas profundas, vulneráveis, reveladoras demais sobre a parte de mim que nem eu mesmo compreendo completamente. Coisas que não combinam minimamente com quem sempre fui, com a armadura emocional que construí durante anos de batalhas, perdas e decisões impiedosas.

Mas quando estou prestes a alcançar a porta e sair, ela pergunta algo que me paralisa por completo: — Você… vai fazer isso novamente comigo?

Paro abruptamente, a mão congelada no caminh