HANA
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O dia da nossa viagem finalmente chegou, e foi uma mistura de tristeza por ir sem nosso filho, com a ansiedade de voltar a encarar o meu passado de frente.
A viagem correu bem, fora a sensação ruim que eu senti a voltar a entrar naquele aeroporto, reviver essas lembranças me deram calafrios.
Ao chegarmos, fomos direto pra casa do John.
Eu nunca imaginei que voltaria a cruzar aquele portão. E, no entanto, ali estava eu, dentro do carro, na entrada da casa que um dia testemunhou o meu fundo do poço, tentando controlar a enxurrada de sentimentos que me consumia.
Quase dois anos haviam se passado desde que parti, desde que deixei o portão escancarado, como se ele pudesse refletir o estado da minha alma naquele dia. Aberto, vulnerável, despedaçado.
Me lembrei de como saí correndo dali, com lágrimas queimando meu rosto e o coração esmigalhado no peito.
O peso da dor era tão grande que parecia que eu não conseguiria respirar.
Voltando para a casa da Ingrid, pensei