ALFA KARIM
Permaneci imóvel diante do espelho do lago, quebrando-lhe a placidez ao arremessar minúsculas pedras que desenhavam círculos concêntricos. Inúmeros pensamentos atravessavam-me a mente; eu não fazia a menor ideia de como agir naquele instante. Partira de meu Bando convicto de que viria, tomaria Laika pela mão e regressaria em um único dia, porém enganara-me redondamente: a situação revelava-se muito mais intrincada do que supunha. Laika não confiava em mim e, falhando miseravelmente em persuadi-la de que eu continuava a ser o homem que ela conhecia, apenas reforçava as mentiras que Morpheus espalhava para transformar-me em um monstro.
Ele não se contentaria em imputar-me o assassinato da princesa; em breve toda a cidade ouviria dizer que, tomado pela cólera, eu destrocei uma mulher inocente. Custava-me crer que Laika lhe dera crédito. Baixei o olhar para o peito e para as mãos: os ferimentos que eu mesmo infligira já cicatrizavam, sinal inequívoco de que ninguém acreditaria e