Discussão

Dias Depois...

Janice repreendia o pequeno Mateus que jogava as ervilhas do prato dentro do suco de melancia, por sua vez o pai folheava as páginas do jornal. Já a pequena Joana insistia para o irmão mais velho levá-la ao Radical Play, um espaço dedicado a pessoas amantes de esportes radicais.

Quando a família Silveira deixara a cidade de Trancoso, o pai fez questão em levar Anderson e a Joana para o Radical Play, lugar aonde conheceu a sua primeira paixão: ciclismo que por sua vez a levou a conhecer a mulher que se tornaria o grande amor de sua vida, Janice.

No entanto, após Anderson completar treze anos, os pais lhe deram permissão para ir com a irmã ao Radical sozinhos. A princípio ele ia mais por conta da irmã e a amiga Manuela que era uma brilhante skatista, mas as idas de Anderson se tornaram mais frequentes ao perceber a presença de Samanta que na época ia somente para assistir alguns amigos executar manobras na pista de skate ou para arriscar-se no patins.

Apesar da insistência do senhor Silveira para que o enteado fizesse algum esporte radical, o medo de pagar em frente a garota a quem amava era maior que a sua vontade em aprender um esporte novo.

— Jojo, por favor deixe o seu irmão em paz. — pediu Janice ao perceber a insistência da filha do meio.

— Mas, mãe. — tentou argumentar a pequena Joana.

— Eu sabia que aquela garota não...

— Pára de falar dessa garota. — gritou Anderson ao se levantar.

Anderson apoiou a mão na quina da mesa a fim de conter a raiva que sentia somente com a menção em trazer à tona a Samanta, a atitude rude do adolescente fez a irmã deixar a mesa aos prantos.

— Garoto, está certo tratar a sua irmã dessa forma? — questionou Janice totalmente preocupada com o comportamento do filho mais velho nos últimos dias.

— Será que é tão difícil entender que não quero nenhuma menção daquela garota? — rebateu Anderson.

— Mas, ainda assim não é motivo para tratar a sua irmã dessa forma. — repreendeu a mãe.

— Filho, por favor suba para o seu quarto. — exigiu o pai, ele torcia que o enteado obedecesse sem birras como foi durante o jantar na noite anterior.

O marido tentou retornar ao assunto sobre o colégio militar novamente com a esposa, embora Janice tivesse conhecimento que o lugar era bastante renomado, e poderia ser a solução em afastar o filho mais velho desse problema que envolvia certa adolescente ruiva, mas ainda assim queria mantê-lo o mais próximo possível.

— Meu bem, porquê não fazemos o seguinte, vemos duas opções que vão ajudar o nosso filho, e o que ele decidir, está decidido. — argumentou o marido enquanto tirava o pequeno Mateus da cadeirinha, e o colocou sobre o colo.

— Então, vamos deixar um adolescente decidir o seu futuro? contrapõe Janice, limpando a boquinha do caçula que gargalhou com o ato da mãe.

— Melhor não brincar com assunto sério, Teuzinho. — brincou Antônio. — A mamãe está brava.

— Quer saber... — a esposa levantou da cadeira totalmente revoltada diante do comportamento infantil do esposo. — Quando for levar o futuro do meu filho a sério, você me chama. — acrescentou a nordestina ao dar às costas para o esposo.

— Então, agora é o seu filho? — gritou o marido.

Na busca em chamar atenção da esposa, ele puxou o braço dela, onde ocasionou a queda de Janice. De imediato, ele colocou o filho de volta na cadeirinha, tempo suficiente para os outros filhos surgir na cozinha e interpretar erroneamente toda a situação.

— Pai! Mãe!!? — pronunciou a filha estagnada no lugar sem saber o que fazer.

— Não é nada disso que vocês estão pensando. — tentou explicar o pai.

No entanto, ao tentar ajudar a esposa, ele foi impedido pelo enteado que o empurrou para trás.

— Ah, não. Então, explica o porquê da minha mãe está no chão e com uma marca no braço. — exigiu Anderson conforme partia para cima do pai.

— Querido, o seu pai não quis me machucar. — explicou Janice após levantar do chão.

— Ele não é o meu pai. — gritou o adolescente antes de deixar a cozinha as pressas.

Anderson ignorou os pedidos da mãe, e deixou o apartamento o mais rápido possível. No trajeto ao laguinho ele tombou com Samanta a quem evitava desde o último encontro.

— Eu te odeio. — disse Anderson antes mesmo que ela pudesse abrir a boca.

— Eu sei, você sabe, todo mundo sabe. Mas, qual é a novidade?

— Aff. — disse Anderson ao passar pela ruiva.

Entretanto, dessa vez a adolescente segurou na mão dele impedindo de dar mais um passo para frente.

— Por favor, fala comigo. — implorou Samanta.

— Não temos mais nada para falar. — respondeu Anderson.

— Então, não precisa falar nada, apenas escuta, pode ser? — a adolescente perguntou conforme conduzia Anderson até o tronco da árvore.

— Você tem cinco minutos. — concluiu Anderson.

A ruiva sorriu levemente diante da resposta do adolescente que sentou sobre o tronco da árvore, a ruiva fizera o mesmo, os adolescentes sentaram um de frente para o outro.

— Será que você... — falava o adolescente até ser interrompido pela ruiva.

— Desculpa... Mas, se eu não falar agora...

— Vai direto ao ponto, garota. — apressou Anderson por conta da enrolação da ruiva.

— Certo. Eu sei que agir como uma estúpida, e você não merecia nada disso. Anderson se pudesse voltar no tempo, jamais faria parte daquele trote.

A ruiva abaixou a cabeça, sentia envergonhada ao recordar a humilhação que Anderson havia passado.

— Como você mesmo disse, você não pode voltar no tempo, mas tem algo que pode fazer. — mencionou Anderson ao erguer o pescoço dele pelo queixo.

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