Javier
Entrei no quarto com passos lentos, meu peito comprimido pela tensão que havia se tornado constante desde o que aconteceu. Era o nosso quarto, mas parecia estranho agora, carregado de uma atmosfera que eu não reconhecia, como se parte dele tivesse sido roubada junto com o que perdemos.
Camille estava deitada na cama, virada para a porta. Seus olhos estavam molhados, mas ela não olhou para mim quando entrei. Da poltrona, Roberta levantou-se do assento em que estava e forçou um sorriso leve, um gesto que não combinava com a seriedade do momento.
— Javier — disse, como se meu nome fosse uma ponte para uma conversa impossível.
Eu não respondi.
Meu olhar ficou preso em Camille, naquela forma delicada e abatida que parecia tão diferente da mulher forte e teimosa que conheci. Dei alguns passos na direção dela, ignorando a presença de Roberta.
Queria tocá-la, mostrar que estava ali, mas, quando estendi a mão, Roberta interveio, sua voz baixa, mas firme.
— Ela não quer ser tocada.
Minh