Javier
O sol entrava pelas frestas das cortinas, queimando minha pele como se fosse um castigo divino. Abri os olhos com dificuldade, a cabeça latejando como se alguém estivesse martelando meu crânio.
Um gosto amargo dominava minha boca, um lembrete do quanto havia bebido na noite anterior. Me sentei devagar, com o corpo pesado, e passei as mãos pelo rosto na tentativa de espantar a névoa de confusão.
A memória veio em fragmentos: a comemoração, as risadas, Camille me ajudando a subir as escadas. O sorriso dela me veio à mente, mas junto veio também a lembrança do olhar de desaprovação quando percebeu o quanto eu estava fora de controle. Suspirei.
Eu não podia me dar ao luxo de parecer fraco, nem para ela, nem para ninguém.
Olhei para o relógio e praguejei. Em menos de uma hora, tinha uma reunião marcada com Emílio Sandoval, um dos aliados mais perigosos de Juan Carlos. Ainda não entendia completamente o que ele queria, mas sabia que qualquer atraso ou hesitação seria visto como um si